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A leitura da sondagem
A leitura da sondagem
Não
sendo absolutamente surpreendente, a sondagem da Universidade Católica para o
DN, o JN, a RTP e a Antena 1 revela que a maioria dos inquiridos, apesar da
crise e contestação crescentes, não vislumbra na oposição uma alternativa às
políticas que estão a ser executadas pelo Governo PSD/CDS.
Talvez
por isso mesmo as intenções de voto tenham como reflexo a manutenção do PS nos
31%, a subida do PSD em quatro pontos percentuais, cifrando-se a escassos 3%
dos socialistas, e a queda acentuada das restantes forças políticas.
O
que mais surpreende neste estudo, como em todos os outros, é que, apesar de a
economia estar de rastos, de o desemprego continuar a crescer de forma
descontrolada, de o primeiro-ministro e de o ministro das Finanças insistirem
que não há alternativa à lógica da austeridade do "custe o que
custar", os resultados, grosso modo, revelem sempre a mesma realidade: não
existe opção à alternância entre o PS e o PSD, com ou sem o apoio do CDS.
E
isto não pode deixar de nos interpelar, sobretudo se pensarmos nos exemplos
recentes da Grécia ou da Itália.
A
verdade é que o confronto é - mesmo que com nuances - entre as vias europeístas
dos partidos do arco da governabilidade e a rotura defendida pelo PCP e o Bloco
de Esquerda.
E,
deste ponto de vista, não podemos deixar de nos dar por satisfeitos por
vivermos numa democracia tranquila e madura.
Porém,
existe naturalmente um reverso desta medalha.
É
evidente que basta a emergência de um qualquer movimento marginal ao sistema
para que toda a tranquilidade e maturidade da nossa democracia possa estar
posta em causa.
Basta saber ler os números:
·
77% dos inquiridos classificam negativamente a ação do Governo;
·
61% dos entrevistados consideram, no entanto, que nenhum partido
da oposição faria melhor ou diferente;
·
50% dos que foram ouvidos acreditam que há "alternativas
viáveis" ao rumo que está a ser seguido pelo Governo;
·
mas 57% dos inquiridos não veem essas alternativas nos discursos
dos partidos da oposição.
O
que isto revela é simples: as alternativas que o País aparentemente deseja
estão fora do sistema.
L.A.V.
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