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sábado, 30 de março de 2013

Cortes no Estado anulam retoma em 2014


No próximo ano, a economia portuguesa poderá crescer a um ritmo quatro vezes superior e o consumo das famílias estabilizar, pela primeira vez desde a chegada da troika, se o Governo não avançar com o plano de corte de quatro mil milhões de euros na despesa do Estado, estima o Banco de Portugal (BdP).

No seu Boletim Económico de Primavera, divulgado esta semana, o banco central refere que após uma recessão de 2,3% este ano, a economia portuguesa poderá regressar a um crescimento já em 2014 com uma subida do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,1%. Esta ligeira retoma está sustentada nas exportações (subida de 4,5%), mas sobretudo no aumento do rendimento disponível das famílias, que irá estabilizar o consumo privado (com uma queda de apenas 0,4%), sendo esta a maior fatia da economia.

Esta performance, porém, apenas inclui as medidas contidas no Orçamento do Estado para 2013 e expurga os efeitos de um corte adicional de despesa de quatro mil milhões de euros, que o Governo acordou com a troika e que se centrará particularmente em 2014. Com base nesse compromisso, o BdP avança uma estimativa alternativa para a evolução da economia para o próximo ano, com uma redução de 2,5 mil milhões de euros na despesa do Estado. Metade desta verba seria alcançada com redução de pessoal (salários e rescisões) e o restante com prestações sociais, incluindo pensões.

Os efeitos recessivos destas medidas, através de mais desemprego, encargos para o erário público, queda de confiança ou maior retracção no consumo das famílias, são claros. A economia passaria a crescer apenas 0,3%, quatro vezes menos do que no cenário sem corte, e o consumo privado afundaria 2%, cinco vezes mais do que o previsto. Só através do consumo das famílias, a economia pode ver ‘evaporar-se’ cerca de 1,8 mil milhões de euros.

Para este ano, o BdP reviu as suas previsões em baixa e confirmou o aprofundamento da recessão face ao previsto há três meses. Em 2013, o PIB_deverá cair 2,3% (a estimativa anterior era de 1,9%), reflectindo o sentimento das famílias de que os cortes de rendimento derivados da austeridade serão permanentes. O banco central espera, aliás, que em 2014, o nível de consumo dos agregados familiares em Portugal recue 14 anos para os níveis de 2000. Ou seja, antes da entrada de Portugal no euro.



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