O conselheiro de Estado, Vítor Bento, entende que o Governo “tem de ter
resiliência”, e “não tem outro remédio”, se não resistir a um chumbo do
Tribunal Constitucional ao Orçamento do Estado. Nestas declarações à Rádio
Renascença, o economista reconhece ainda que o ministro das Finanças “tem
revelado uma grande dificuldade de comunicação interna” e que uma crise
política não ajudará o País.
No programa Terça à Noite, da Rádio Renascença, o economista
e conselheiro de Estado, Vítor Bento, parafraseou o presidente do BPI para
afirmar que o País e o Governo têm de resistir a um possível chumbo do Tribunal
Constitucional (TC) a algumas normas do Orçamento do Estado, designadamente o
corte nas pensões e a aplicação da Contribuição Extraordinária de Solidariedade
(CES).
“’Ai
resiste, resiste’. Não tem outro remédio. O regime tem que ter a resiliência necessária
para lidar com situações dessas [um eventual chumbo do TC].
E estou convencido
que o regime tem essa resiliência”, considerou Vítor Bento, acrescentando que
essa possibilidade “faz parte de um processo normal porque vivemos num Estado
de direito, onde a Constituição é o pilar fundamental e que tem de ser
respeitado”.
Questionado sobre se esse cenário pode provocar uma crise
política, o conselheiro de Estado não vê por que razão. “Se o Governo não tiver
alternativas tem que as procurar, tem que as arranjar. Nós temos que viver com
todos os meios de execução que temos”, salienta.
Sobre
o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e a uma possível remodelação no Governo,
o economista admite que o governante “tem revelado uma grande dificuldade de
comunicação interna, provavelmente, até a preferência dele é mais em comunicar
perante o exterior, e tem sido muito eficaz nessa comunicação”.
Mas
internamente, destaca Vítor Bento, “tem criado um certo hiato, até porque das
acções do Governo de que ele é protagonista, a população é quem sofre as
consequências e é natural que reaja emotivamente contra quem faz doer a
ferida”.
No
entanto, “só podemos fazer a avaliação devida passado algum tempo e em função
dos resultados, depois deles sedimentados”. Neste caso particular, o
conselheiro de Estado recorda o que aconteceu quando Ernâni Lopes tutelou a
pasta das Finanças no Governo de Mário Soares, “hoje toda a gente acha que foi
um tempo épico, mas esse não foi o juízo da altura”.
N.
M.
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