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terça-feira, 26 de março de 2013

Passos, a ascenção de um líder num (outro) país


Há três anos Passos Coelho foi eleito líder do PSD com mais de 60% dos votos

Foi ainda em outubro de 2009 que a breve declaração de Manuela Ferreira Leite, no Conselho Nacional do PSD, abriu, finalmente, as portas para a chegada de Pedro Passos Coelho ao poder. O anúncio de convocação de diretas, depois de perdidas as eleições legislativas, foi natural, tal como acabou por ser natural a chegada do ex-líder da JSD a presidente dos sociais-democratas. Daí para a liderança de um (outro) país foi um pequeno salto. 

Há três anos, a atualidade política nacional respirava ainda os ares de José Sócrates e dos temas que marcaram os seus Governos. As notícias em torno do líder dos socialistas encheram páginas de jornais e deram trabalho a magistrados e deputados. 

Em março de 2010, pedia-se uma comissão de inquérito para apurar o eventual envolvimento do Governo na compra da TVI. Tema quente do momento que levou mesmo a que Passos, ainda candidato a líder, defendesse que Sócrates fosse ouvido e que, em caso de «acção ilegítima e politicamente condenável», Cavaco tomasse posição. «Creio que nem o Presidente da República deixaria que houvesse outra atitude a tomar que não fosse a demissão do Governo». Para Cavaco Silva, este não era ainda tempo «de crise política». Os mesmos protagonistas, outros temas, é certo. 

O tempo de demissão do governo socialista ainda vinha longe (chegou no final de março do ano seguinte), mas Passos sabia que tal poderia ocorrer a partir desse abril. Consciente da possibilidade, o candidato do PSD tentou uma revisão constitucional e aplicou o discurso do seu livro «Mudar».

«É natural que as pessoas que estão preocupadas com o seu futuro, preocupadas em saber como é que se vai resolver a situação em que mergulhámos, queiram apreciar a forma como aqueles que desejam assumir responsabilidades se prepararam para apontar caminhos novos e trazer soluções diferentes para os nossos problemas de hoje», disse, à época, Passos Coelho. 

Em março de 2010, ainda antes das diretas, a palavra crise já corria as bocas do mundo, neste caso, dos candidatos à liderança dos sociais-democratas. Dada a «crise», Passos pedia que «os poderes públicos e os poderes políticos» se empenhassem nas soluções para «o problema do desemprego e da reanimação da economia». O mesmo protagonista, os mesmos temas, ainda um outro país. 

Há três anos, Passos disputou a liderança do PSD com o agora seu ministro da Defesa, Aguiar-Branco, e o eurodeputado Paulo Rangel. Foi no debate para a liderança do partido com este último que Passos admitiu, pela primeira vez, um cenário de eleições antecipadas. «O pior que pode acontecer ao país é manter um Governo que não governa. Se o Governo não ultrapassar esta situação, acho que deve ser devolvida aos portugueses a palavra», disse. 

Falava-se mais uma vez do inquérito ao caso PT/TVI. Tema que levou também Aguiar-Branco a levantar a possibilidade de se realizar uma moção de censura ao Governo após o inquérito parlamentar. Outros temas, outras prioridades. Igual a sim mesmo, só Alberto João Jardim que não deixou de dar um conselho aos candidatos e sugerir que desistissem todos para dar lugar a Marcelo Rebelo de Sousa. «Seria ouro sobre azul», disse. 

Em 2010, antes das eleições diretas que elegeram o novo líder com mais de 27 mil votos, 61,1% do total, o PSD reuniu-se em congresso e foi aqui que Passos proferiu as palavras que ajudam a perceber que esteja num lugar que já pertenceu a Sócrates: à beira de uma crise política. 

«O que é importante não é derrotar o PS e Sócrates, mas mostrar que o PSD tem um projecto que o país valoriza e que permitirá um futuro diferente para todos os portugueses», disse. «Não tenho dúvidas de que este Governo está ferido de morte e aguarda o tiro de misericórdia», afirmou, defendendo por isso que o PSD «não tem de ter pressa em chegar ao Governo». 

Outro primeiro-ministro, o mesmo líder do PSD, outro Passos Coelho.

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=TVI24=

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