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domingo, 24 de março de 2013

«FIDELIDADE NA DERROTA»


Se é na adversidade que se descobre quem são os verdadeiros amigos, Portugal pode compreender, depois de tamanho desastre que vive após a assinatura do Tratado de Lisboa, que se diz terá sido elaborado em Berlim, quanto amor patriótico se tem seguido por parte dos seus cidadãos.

Quantos foram já os que tiveram que abandonar as suas casas, os seus bens, a sua família, simplesmente porque não podiam suportar a vida que lhes foi imposta por um governo sem sentimentos e sem respeito por eles?

Temos assistido a um prodigioso êxodo, suscitado por uma espécie de irresistível instinto patriótico, mas também pelo instinto de conservação.

Olhemos as estradas de Portugal. Olhemos todas essas fábricas que delas só têm ainda paredes ao alto, algumas caídas e se encontram apenas a ocupar um espaço que, nos tempos em que a agricultura era acarinhada e muitos dela viviam, dariam bons produtos que contribuiriam para alimentar tanto cidadão faminto neste Portugal empobrecido.

Há coisas sobre as quais os políticos não falam, os comentadores nada dizem, os “especialistas” evitam falr, preferindo manter uma imagem irreal do país e do seu povo, que pena pelas ruas da amargura, tentando sobreviver a tanto ataque ao seu bem-estar numa sociedade corrupta ao seu mais alto nível.

Mas, no meio de tanto desatino político-social, os portugueses não desarmam, não arredam pé, a não ser  alguns que, ainda jovens, procuram lá fora o que lhes negam cá dentro, como o direito ao trabalho e a uma sobrevivência dentro dos parâmetros dos deveres e dos direitos humanos.

Quando numa estação dos caminhos de ferro, nas paragens de autocarro, nas estações do metropolitano se esperam momentos de ansiedade porque se atrasam nos horários estabelecidos pelos patrõs, sabem que vão chegar tarde ao trabalho – aqueles que ainda mantêm o seu posto – falam contra os grevistas que lutam por melhores condições de trabalho, melhor atendimento dos usuários, ou seja, por uma melhoria generalizada da vida de cada um e de todos em geral…

Quando se vêm septuagenários a trabalhar ainda, abandonando a cama pelas seis ou sete horas da manhã, para irem trabalhar, portadores de males que lhes deviam permitir enfim descansar…

Quando se vêm políticos imberbes a pretenderem dar lições aos que já viveram toda uma vida de martírios e de miséria e fome, de privações, sente-se bater mais forte o coração despedaçado pelo desprezo a que são votados esses anciãos…

E se os mais resolutos são os mais novos, muitos deles obrigados ao abandono escolar para guardarem algum gado e contribuirem para o orçamento familiar, ainda se ouvem críticas, embora se fiquem por elas.

Isto porque os políticos no poder não querem ver o que realmente se passa pelo país que vive sem esperanças no futuro, devido à sua incompetência, à sua ignorãncia – premeditada – de tudo o que faz de Portugal – devido à tremenda corrupção existente – que faz com que seja aumentada diariamente a exploração dos mais pobres pelos que mais possuem.

E todos aqueles que se recordam dos tempos da ditadura salazarista, não podem evitar que uma lágrima rebelde escorra pela comissura dos lábios, precisamente porque se recordam desses velhos tempos em que se vivia na mais pura escravatura existente no século XX.

Por todos os motivos, é necessário tudo fazer para que Portugal seja transformado  naquele país acolhedor e de união entre os cidadãos, que os políticos preferem ver destruída para melhor e mais facilmente os poderem pisar como tão bem sabem fazer. Aliás, é o que fazem de «melhor!».

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