Se é na adversidade
que se descobre quem são os verdadeiros amigos, Portugal pode compreender,
depois de tamanho desastre que vive após a assinatura do Tratado de Lisboa,
que se diz terá sido elaborado em Berlim, quanto amor patriótico se tem seguido
por parte dos seus cidadãos.
Quantos foram já os
que tiveram que abandonar as suas casas, os seus bens, a sua família,
simplesmente porque não podiam suportar a vida que lhes foi imposta por um
governo sem sentimentos e sem respeito por eles?
Temos assistido a um
prodigioso êxodo, suscitado por uma espécie de irresistível instinto
patriótico, mas também pelo instinto de conservação.
Olhemos as estradas
de Portugal. Olhemos todas essas fábricas que delas só têm ainda paredes ao
alto, algumas caídas e se encontram apenas a ocupar um espaço que, nos tempos
em que a agricultura era acarinhada e muitos dela viviam, dariam bons produtos
que contribuiriam para alimentar tanto cidadão faminto neste Portugal empobrecido.
Há coisas sobre as
quais os políticos não falam, os comentadores nada dizem, os “especialistas”
evitam falr, preferindo manter uma imagem irreal do país e do seu povo, que
pena pelas ruas da amargura, tentando sobreviver a tanto ataque ao seu
bem-estar numa sociedade corrupta ao seu mais alto nível.
Mas, no meio de
tanto desatino político-social, os portugueses não desarmam, não arredam pé, a
não ser alguns que, ainda jovens,
procuram lá fora o que lhes negam cá dentro, como o direito ao trabalho e a uma
sobrevivência dentro dos parâmetros dos deveres e dos direitos humanos.
Quando numa estação
dos caminhos de ferro, nas paragens de autocarro, nas estações do metropolitano
se esperam momentos de ansiedade porque se atrasam nos horários estabelecidos
pelos patrõs, sabem que vão chegar tarde ao trabalho – aqueles que ainda mantêm
o seu posto – falam contra os grevistas que lutam por melhores condições de
trabalho, melhor atendimento dos usuários, ou seja, por uma melhoria
generalizada da vida de cada um e de todos em geral…
Quando se vêm
septuagenários a trabalhar ainda, abandonando a cama pelas seis ou sete horas
da manhã, para irem trabalhar, portadores de males que lhes deviam permitir
enfim descansar…
Quando se vêm
políticos imberbes a pretenderem dar lições aos que já viveram toda uma vida de
martírios e de miséria e fome, de privações, sente-se bater mais forte o
coração despedaçado pelo desprezo a que são votados esses anciãos…
E se os mais
resolutos são os mais novos, muitos deles obrigados ao abandono escolar para
guardarem algum gado e contribuirem para o orçamento familiar, ainda se ouvem
críticas, embora se fiquem por elas.
Isto porque os
políticos no poder não querem ver o que realmente se passa pelo país que vive
sem esperanças no futuro, devido à sua incompetência, à sua ignorãncia –
premeditada – de tudo o que faz de Portugal – devido à tremenda corrupção
existente – que faz com que seja aumentada diariamente a exploração dos mais
pobres pelos que mais possuem.
E todos aqueles que
se recordam dos tempos da ditadura salazarista, não podem evitar que uma
lágrima rebelde escorra pela comissura dos lábios, precisamente porque se
recordam desses velhos tempos em que se vivia na mais pura escravatura
existente no século XX.
Por todos os
motivos, é necessário tudo fazer para que Portugal seja transformado naquele país acolhedor e de união entre os
cidadãos, que os políticos preferem ver destruída para melhor e mais facilmente
os poderem pisar como tão bem sabem fazer. Aliás, é o que fazem de «melhor!».
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