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terça-feira, 26 de março de 2013

«SENHOR MEDINA CARREIRA»


Antes de mais, permita-me colocar-lhe uma questão, esclarecendo-o também de que nunca fui adepto de Sócrates e que também não serei seu defensor, mas que considero tratar-se de um cidadão português com todo o direito de regressar ao seu país, já que sobre ele não pende qualquer acusação, que não penda sobre outros que nunca saíram de Portugal e alguns até estão no governo ou noutros órgãos de poder.

Não vou fazer-lhe um desenho, mas sei que os conhece muito bem e que sempre que possível evita criticá-los, mesmo sabendo que foi no tempo em que exerciam outro cargo que começou a “derrocada económica e social” em Portugal.

Ora, foi o senhor quem afirmou, num canal televisivo, que José Sócrates regressou, que Seguro se preocupou e que o Sócrates havia sido o culpado de tudo quanto hoje se está a viver em Portugal, o que é, permita-me a franqueza, a mais rotunda mentira até hoje ouvida.

Aliás, não é apenas o senhor a fazê-lo, o que demonstra que não é, talvez nunca tenha sido aquele “independente” que se apregoa, antes que sabe disfarçar muito bem, embora quanto a Sócrates não consiga.

Creia que não pretendia atacá-lo, mas, se o senhor é convidado desse tal canal televisivo, para tentar elucidar os mais “atrasados”, os menos “esclarecidos”, deverá fazê-lo sem tentar obnubilar certas consciências da cidadania nacional.

Porque o senhor sabe, e sei que sabe, que tudo já vem muito de trás e que, mesmo não abraçando as ideias socráticas, nem foi expulso, não fugiu com medo do novo “regime”, não viu alienados quaisquer dos seus direitos cívicos e, sobretudo, não deixou de ser português.

Que o senhor pretenda lançar poeira para alguns olhos, é uma coisa, mas não queira, a exemplo de outros, tentar sequer fazer dos portugueses estúpidos, tomando-se a si como único pensador e sabedor.

Essa da entrevista de uma tarde inteira para dizer aos portugueses como pôde criar a dívida nacional, é já coisa gasta, e, como digo atrás, esse mesmo mal que lhe aponta e imputa a ele só, deveria, em sua alma e consciência, imputá-lo a outros que o antecederam em governos do país.

Mas não apenas isso. O senhor sabe o verdadeiro tamanho da corrupção a alto nível que grassa pelo país? Acha também que os portugueses gastavam acima das suas possibilidades e por isso se encontram no limiar da pobreza, ou mesmo, nalguns casos, abaixo dele?

O senhor deveria saber manter a posição, a postura como hoje se diz à boca cheia, e não contribuir para denegrir seja quem for, pertença a que partido pertencer, tenha as ideias que tiver, pois disso é feita, e deve continuar a sê-lo, a democracia.

Tente moderar o seu ódio a quem nunca lhe fez nada de mal e que, pelo que várias veezes ouvi, até o citava como exemplo de alguém conhecedor dos meandros da alta finança.

Queira passar bem, mas veja se consegue refrear esse seu ímpeto anti-socrático, como eu modero e refreio o meu em relação ao actual governo.

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