Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 26 de março de 2013

«O QUE NOS TORNA VERDADEIRAMENTE HUMANOS»


Embora certos filósofos tenham considerado que as emoções representam aquilo que de mais irracional e “animal” existe na natureza humana, há fortes argumentos para creditá-las com tudo o que a vida do homem tem de valioso e maravilhoso.

Se “o amor faz girar o Mundo”, também pode dizer-se que, como o amor, muitas outras emoções contribuem para tornar as nossas vidas e as dos que nos rodeiam.

Além disso, sem emoções não poderíamos apreciar a arte ou a literatura ou apoiar o nosso clube favorito. O medo do castigo consegue impedir-nos de praticar actos imprudentes ou violentos; se, por vezes, perdemos o autodomínio, o remorso persegue-nos. Ter emoções pode tornar a vida humana menos metódica e lógica, mas que cinzento e desinteressante seria o Mundo sem elas!

Dado que as emoções se misturam, os investigadores não estão de acordo quanto ao que se considera uma emoção distinta. Quando é que a impaciência se transforma em cólera? Ou um contacto agradável se transforma em amizade e depois em amor? Conforma a resposta a estas perguntas, assim o total das emoções pode situar-se na ordem das dezenas ou dos milhares.

Muitos psicólogos têm tentado restringir o número das emoções, quantificando-as em listas sumárias das emoções “básicas”.

Uma selecção típica é a do psicólogo Robert Plutchik, que regista oito: aceitação, cólera, esperança, repulsa, medo, alegria, tristeza e surpresa.

Alguns investigadores acham que não faz sentido contar as emoções, pois o seu número é praticamente ilimitado. Isto é, o que alguém sente depende do seu pensamento, experiência e memória – únicos e específicos em cada indivíduo.

Um dos grandes problemas no estudo das emoções é conseguir que as próprias emoções dos investigadores não afectem as reacções dos que são investigados. Além disso, as discrições verbais das emoções – seja pelo investigador, seja pelo investigado – podem ser enganosas.

O coração a bater mais rapidamente ou as mãos a transpirar podem ser sinal de grande número de emoções, desde uma paixoneta de adolescente até ao medo de voar: estes sinais não podem, assim, ser utilizados pelo cientista em estudos muito diferenciados.

No entanto, o campo misterioso das emoções, que estabelece uma ponte entre o corpo e o cérebro, começa finalmente a revelar-se.

O palpite de Aristóteles de que a emoção é parcialmente física e mental é agora recuperado por novas teorias sobre o funcionamento do sistema límbico do cérebro, onde os pensamentos parecem converter-se em reacções físicas e as tensões físicas em sentimentos.

À medida que o cérebro se desenvolve, as emoções tornam-se mais complexas.

À medida que crescemos, as nossas expectativas aumentam e reagimos fortemente se elas são ameaçadas.

Se, por exemplo, esperamos arranjar um emprego e não o conseguimos, sentiremos raiva, desilusão e insegurança. Estes três sentimentos manifestam-se simultaneamente e a emoção resultante é composta e complexa.

A forma de as pessoas exprimirem as suas emoções – por outras palavras, a forma como se comportam – é um indicativo relevante da sua saúde mental. Há, contudo, uma variação muito ampla de comportamentos normais, e o diagnóstico da doença mental raramente se baseia num ou em dois episódios aparentemente anormais.


Sem comentários:

Enviar um comentário