Embora certos filósofos tenham considerado
que as emoções representam aquilo que de mais irracional e “animal” existe na
natureza humana, há fortes argumentos para creditá-las com tudo o que a vida do
homem tem de valioso e maravilhoso.
Se “o amor faz girar o Mundo”, também pode
dizer-se que, como o amor, muitas outras emoções contribuem para tornar as
nossas vidas e as dos que nos rodeiam.
Além disso, sem emoções não poderíamos
apreciar a arte ou a literatura ou apoiar o nosso clube favorito. O medo do
castigo consegue impedir-nos de praticar actos imprudentes ou violentos; se,
por vezes, perdemos o autodomínio, o remorso persegue-nos. Ter emoções pode
tornar a vida humana menos metódica e lógica, mas que cinzento e desinteressante
seria o Mundo sem elas!
Dado que as emoções se misturam, os
investigadores não estão de acordo quanto ao que se considera uma emoção
distinta. Quando é que a impaciência se transforma em cólera? Ou um contacto
agradável se transforma em amizade e depois em amor? Conforma a resposta a
estas perguntas, assim o total das emoções pode situar-se na ordem das dezenas
ou dos milhares.
Muitos psicólogos têm tentado restringir o número das emoções, quantificando-as em listas sumárias das emoções “básicas”.
Uma selecção típica é a do psicólogo Robert
Plutchik, que regista oito: aceitação, cólera, esperança, repulsa, medo,
alegria, tristeza e surpresa.
Alguns investigadores acham que não faz
sentido contar as emoções, pois o seu número é praticamente ilimitado. Isto é,
o que alguém sente depende do seu pensamento, experiência e memória – únicos e
específicos em cada indivíduo.
Um dos grandes problemas no estudo das emoções é conseguir que as próprias emoções dos investigadores não afectem as reacções dos que são investigados. Além disso, as discrições verbais das emoções – seja pelo investigador, seja pelo investigado – podem ser enganosas.
O coração a bater mais rapidamente ou as mãos
a transpirar podem ser sinal de grande número de emoções, desde uma paixoneta
de adolescente até ao medo de voar: estes sinais não podem, assim, ser
utilizados pelo cientista em estudos muito diferenciados.
No entanto, o campo misterioso das emoções,
que estabelece uma ponte entre o corpo e o cérebro, começa finalmente a
revelar-se.
O palpite de Aristóteles de que a emoção é
parcialmente física e mental é agora recuperado por novas teorias sobre o
funcionamento do sistema límbico do cérebro, onde os pensamentos parecem
converter-se em reacções físicas e as tensões físicas em sentimentos.
À medida que o cérebro se desenvolve, as
emoções tornam-se mais complexas.
À medida que crescemos, as nossas
expectativas aumentam e reagimos fortemente se elas são ameaçadas.
Se, por exemplo, esperamos arranjar um
emprego e não o conseguimos, sentiremos raiva, desilusão e insegurança. Estes
três sentimentos manifestam-se simultaneamente e a emoção resultante é composta
e complexa.
A forma de as pessoas exprimirem as suas
emoções – por outras palavras, a forma como se comportam – é um indicativo
relevante da sua saúde mental. Há, contudo, uma variação muito ampla de
comportamentos normais, e o diagnóstico da doença mental raramente se baseia
num ou em dois episódios aparentemente anormais.
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