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sábado, 23 de março de 2013

«METAMORPHOSES DU TRAVAIL. QUÊTE DU SENS»


A antinomia da concorrência, se bem que necessária à fixação dos valores e à estimulação da produção, surge como causa da destruição dos salários e de sujeição dos trabalhadores a pagamentos de miséria.

Daí a necessidade de uma legislação fiscal que se inspire das “barreiras eriçadas de obstáculos” de Gracchus Babeuf.

No livre mercado planetário, o proteccionismo económico é a única maneira de evitar que um país, no qual as crianças trabalham por salários miseráveis, possa, sendo as leis do mercado o que são, conquistar os mercados nos quais outros jogam segundo uma regra que reconhece o direito ao trabalho, o sindicalismo e a humanização relativa das tarefas.

Da mesma maneira assinalar-se-á a antinomia dos impostos, excelentes na medida em que poderiam compensar o efeito nefasto dos monopólios ou das concentrações de riquezas, mas catastróficos na medida em que agravam a exploração da maioria daqueles sobre os quais a pressão fiscal é mais pesada.

Taxado por todos os lados, o cidadão mais rico sentirá menos o imposto que o pobre, que tem de levar a mão ao bolso ao mínimo gesto: impostos directos, indirectos, imobiliários, taxas diversas sobre uma multitude de produtos ou de transacções, e tantas outras medidas vexatórias, supondo um levantamento obrigatório a cada movimentação de dinheiro.

Fixado por aqueles que têm o poder de legitimar e de financiar o seu aparelho de constrangimento, o imposto parece, muito frequentemente, uma ocasião para diminuir a parte do dinheiro disponível num casal, suscitanto um empobrecimento que torna mais fácil a perenidade do sistema de regime salarial e de exploração.

A antinomia do crédito também funciona como produtor de um efeito duplo: poderia emancipar os pobres se estivesse organizado de modo a ser gratuito mas, tal como é, só tem como resultado o de permitir ao dinheiro ir para onde já se encontra, enquanto evita facilitar a vida das famílias ou das pessoas dele desprovidas, para as quais seria vital.

O empréstimo é apenas um meio para fazer dinheiro com dinheiro, não é seguramente um modo de possibilitar o acesso ao consumo dos mais desprovidos, a não se ao preço forte.

Na nossa civilização o crédito aparece como um formidável meio de pressão sobre os lares que, endividados, ficam à mercê de quaisquer imperativos e dos trabalhos mais pesados, obrigados a aceitar as condições que o mercado propõe, a fim de poder unicamente reembolsar as suas letras de crédito.

Concluo pala antinomia da propriedade imobiliária. Esta constitui a base de todas as liberdades, dado que Proudhon não concebe o seu anarquismo fora da preservação e da conservação da propriedade privada.

Ao mesmo tempo, porém, ela só engendra privilégios, permitindo aos proprietários possuir cada vez mais, graças aos efeitos das rendas, enquanto os desprovidos se encontram privados de acesso a essa segurança.

O alojamento falta, por vezes, a alguns, enquanto outros acumulam apartamentos desocupados no único intuito de capitalizar, de acumular riqueza. Desde há séculos que o direito ao alojamento não parou de ser uma reivindicação e hoje ainda o é nas megapolis saturadas. 



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