Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 28 de março de 2013

«Presidente está politicamente vinculado à atual situação política»


Sócrates faz duro ataque a Cavaco Silva, que considera ser a «mão escondida» que provocou a queda do seu Governo

José Sócrates quebrou o silêncio em entrevista à RTP e desferiu um duro ataque ao Presidente da República. Respondendo ao prefácio de Cavaco Silva no ano passado, em que acusou o ex-primeiro-ministro de falta de lealdade institucional, apontou exemplos.

O erro assumido: «Nunca deveria ter formado um Governo minoritário»

«O Presidente da República fez uma acusação de falta de lealdade institucional. Acho extraordinário esse comportamento. Faz-me ataque pessoal escrito menos de um ano depois de ter saído do cargo do primeiro-ministro e isso diz muito da atitude», começou por dizer, acrescentando: «Não reconheço no Presidente da República nenhuma autoridade moral para dar lições de lealdade institucional».

Sócrates recorre a dois episódios: «Em 2009 nasceu na Casa Civil do PR uma conspiração organizada e inventada contra o Governo para o deitar abaixo, baseado na acusação que estaria a espiar a Casa Civil do PR. Nunca o PR se demarcou, pelo contrário. O que fez nessa altura foi chamar os responsáveis da segurança do nosso país para fazer perguntas caricatas sobre a segurança na Presidência, esperando confirmar a notícia. Por outro lado, o PR nunca tomou nenhuma atitude com esse assessor
 [Fernando Lima]. Ainda hoje ocupa funções. Pior isso, tomei as minhas conclusões sobre a lealdade do Presidente».

«O segundo caso foi a tomada de posse do Presidente para o segundo mandato, em que basicamente faz um discurso sobre as dificuldades do país, esquecendo a crise internacional. O problema do PR é que usou dois pesos e duas medidas. No meu tempo sempre pagámos o 13º mês e o subsídio aos pensionistas. Nessa altura o PR achava que havia limites para os sacrifícios. Neste Governo quando são retirados dois salários já não há problema».

Austeridade: Sócrates pede para pararem de «escavar»

Recentrando a entrevista e voltando ao PEC4 e à tal acusação de falta de lealdade feita pelo Presidente porque Sócrates não teria apresentado o plano antes de o fazer no Conselho Europeu, em Bruxelas.

«O PEC4 foi apresentado publicamente antes do Conselho Europeu, dois dias depois do Presidente ter tomado posse, em que se assumiu como opositor do Governo e um dia depois de moção de censura do Bloco de Esquerda. O PEC4 foi aprovado no Conselho de Ministros umas semanas depois de apresentado no Concelho Europeu. Não há nenhum costume de discutir os orçamentos e os PEC com o PR antes de apresentado. É só uma desculpa do PR, que teve conhecimento quando todos os portugueses tiveram», acrescentou.

«Naquele dia não houve aprovação, apenas linhas gerais para aprovação do Conselho Europeu. Entre o anúncio e a aprovação passaram longos dias e se o Presidente queria intervir tinha evitado a crise política, porque teve tempo. Mas nunca teve essa intenção. O discurso era de oposição ao Governo e fez tudo para fomentar a crise política. Foi uma espécie de mão atrás escondida atrás do arbusto», atacou, acrescentando:

«O discurso de tomada de posse foi o que despoletou a crise política. Colocou-se na posição de dar razão evidente à oposição que podia provocar a crise política. Isso explica a posição atual do Presidente. Vejo muita gente questionar-se porque é que o PR não intervém mais. A razão é que o PR esteve na origem da atual situação política. É o patrono da atual situação política».

«O Presidente da República está politicamente vinculada a atual situação política», sublinhou, considerando que se existe «duplicidade de critérios» por parte de Cavaco Silva.

MAIS SOBRE ESTE TEMA

=TVI24=

Sem comentários:

Enviar um comentário