Em vez de uma recessão de 1,9%, como previa há
dois meses, o BdP aponta no Boletim Económico de Primavera para uma contracção
mais forte da economia, em sintonia com as projecções do Governo.
O supervisor bancário, liderado por Carlos
Costa, projecta uma subida de 2,2% das exportações
Menos consumo privado, uma forte queda da procura interna e um
abrandamento das exportações. Continua a ser um cenário sombrio aquele que o
Banco de Portugal (BdP) projecta para a economia portuguesa este ano. O
supervisor bancário agravou as suas previsões económicas e aponta agora para
uma recessão de 2,3% em 2013, concordante com a previsão apresentada há menos
de 15 dias pelo Governo.
A revisão das previsões tem em conta a deterioração da
conjuntura e é ainda influenciada pelo agravamento da recessão nos últimos três
meses do ano passado, com as implicações que essa evolução tem para este ano.
Para
2014, mantém-se a previsão de crescimento, mas, ao contrário dos 1,3% esperados
em Janeiro, o supervisor projecta um crescimento do PIB de 1,1%, com uma
estabilização da procura interna e uma aceleração das exportações, de acordo
com o Boletim Económico de Primavera, divulgado nesta terça-feira.
Para
já, e embora a queda da procura interna seja menos acentuada do que em 2012, continuará
em sentido negativo este ano. Em vez de uma diminuição de 4%, o BdP prevê agora
um recuo de 4,2%. A queda do consumo privado deverá chegar a 3,8%, contra uma
descida de 3,6% prevista em Janeiro.
Embora
continue a haver uma queda da procura externa, o supervisor prevê um
crescimento positivo das exportações, que, aliás, reviu ligeiramente em alta.
Em vez de um aumento de 2%, o supervisor bancário conta que a saída de bens
cresça 2,2%.
Num
quadro de recessão na zona euro e de abrandamento da economia mundial, e tendo
Portugal na Europa os seus principais parceiros comerciais, as previsões estão
fortemente influenciadas pela evolução das exportações, que têm servido como
motor da actividade numa economia deprimida onde a procura interna continua a
recuar. As exportações têm estado a crescer mais do que a procura externa, o
que tem permitido a Portugal ganhar quota de mercado, como aconteceu no ano
passado.
As
actuais previsões são conhecidas menos de 15 dias depois de o executivo de
Pedro Passos Coelho, forçado por uma conjuntura mais negativa, anunciar
alterações profundas às metas do défice. Para este ano, em vez de 4,5% do PIB,
o objectivo do défice sobe para 5,5% (afastando-se dos 3% previstos no
memorando inicial da troika). E no próximo ano, em
vez de estar obrigado a cumprir um défice de 2,5%, o Governo tem no horizonte
um objectivo défice de 4%.
As
projecções do BdP, liderado por Carlos Costa, têm apenas em conta as medidas de
consolidação orçamental previstas no Orçamento do Estado para 2013, deixando de
fora eventuais medidas adicionais que o Governo seja obrigado a tomar, mesmo em
relação ao próximo ano.
A
evolução da economia, nota o supervisor bancário, continua condicionada pelas
medidas de consolidação orçamental e pelo processo de ajustamento económico,
com implicações negativas no mercado de trabalho.
=Público=
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