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sexta-feira, 29 de março de 2013

«SÃO OS PORTUGUESES ATRASADOS MENTAIS?»


Porque razão algumas deficiências mentais são chamadas hereditárias, outras congénitas?

Se determinado estado resultou do quadro de cromossomas e genes legados pelos pais ao seu filho, diz-se hereditário ou genético. Por outro lado, um defeito congénito (de nascença) é o provocado por qualquer incidente durante a gravidez ou o nascimento.

Pode ter acontecido, por exemplo, a lesão do cérebro da criança dentro do útero devido a drogas, álcool ou acidente; ou durante um parto difícil, por carência de oxigénio ou outros traumas.

Entre os defeitos mentais que se sabe serem hereditários, contam-se o síndrome de Down, ou mongolismo, e certas outras formas, mais raras, de atraso mental.

Há anos atrás, existia uma taxa de analfabetismo muito elevada, devido a determinadas causas, sobretudo com a miséria que se vivia em Portugal, que impedia que as crianças frequentassem a escola primária, não aprendendo a ler ou a escrever.

Ora, cresciam na ignorância e no obscurantismo, podendo desempenhar determinadas funções, especialmente ligadas à faina campesina, jardinagem e outras, sobretudo ligadas a tarefas que não exigiam qualquer especialidade, mas que obrigavam a conhecer certas épocas ligadas às sementeiras, à poda e outras…

Muitos cidadãos eram, portanto, o grosso da manada do analfabetismo, que durante o tempo de Salazar foi começado a ser combatido, continuado por Marcelo Caetano.

Ora, eram muitos os que conseguiam lugares como “jardineiros” ou “cantoneiros” das autarquias e, um dia, saiu uma lei que exigia que todos fossem obrigados a possuir pelo menos o exame do 2º grau, ou seja, a quarta classe.

Ora, muitas dessas pessoas eram já avós e não tinham tempo e menos ainda disposição para frequentarem a Educação de Adultos, pelo que, como todas as leis, havia fugas, como por exemplo aquilo que se chamava na altura, o “Atestado de Estupidez”, que consistia numa declaração de um psiquiatra, afirmando que não possuiam capacidade mental e psicológica para conseguirem o tal exame da quarta classe.

Assim, os “estúpidos”, inscreviam-se numa consulta de psiquiatria, o psiquiatra procedia uns testes – só depois surgiram os psicólogos – que elaboravam certos testes que comprovavam a incapacidade do indivíduo, que deste modo podia manter o seu emprego sem as habilitações exigidas pela nova lei.

Havia, nesse tempo dispensários de Higiene e Saúde Mental distribuídos pelas áreas residenciais, onde se inscreviam e onde eram observados pelos psiquiatras, que os consideravam “incapazes de poderem fazer o exame da quarta classe”, o que fez subir drasticamente o número de analfabetos no nosso país.

Eram bons jardineiros ou cantoneiros, sabiam da poda, sabiam das épocas mas não possuiam aquela capacidade que lhes permitisse o exame, pelo que, com a declaração do psiquiatra, os isentava dele.

Foram milhares as declarações passadas pelo país, até porque ninguém pretendia retirar o pão de cada dia a essas pessoas  que nunca tinham frequentado uma escola, graças à miséria que os tinha convertido, desde crianças, em trabalhadores, que depois conseguiam uma pensão de reforma de cerca de mil escudos/mês, ao fim de quarente e tantos anos de árduo trabalho.

Que lhes poderia interessar o diploma da quarta classe, se sabiam da vida mais que qualquer professor?

Resumindo, passo a responder à pergunta que faço no início: “Não! Portugal não é e nunca foi um país de estúpidos ou de atrasados mentais. E se existem, a maioria não se insere nas classes populares!!!”


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