Porque razão
algumas deficiências mentais são chamadas hereditárias, outras congénitas?
Se
determinado estado resultou do quadro de cromossomas e genes legados pelos pais
ao seu filho, diz-se hereditário ou genético. Por outro lado, um defeito
congénito (de nascença) é o provocado por qualquer incidente durante a gravidez
ou o nascimento.
Pode ter
acontecido, por exemplo, a lesão do cérebro da criança dentro do útero devido a
drogas, álcool ou acidente; ou durante um parto difícil, por carência de
oxigénio ou outros traumas.
Entre os
defeitos mentais que se sabe serem hereditários, contam-se o síndrome de Down,
ou mongolismo, e certas outras formas, mais raras, de atraso mental.
Há anos
atrás, existia uma taxa de analfabetismo muito elevada, devido a determinadas
causas, sobretudo com a miséria que se vivia em Portugal, que impedia que as
crianças frequentassem a escola primária, não aprendendo a ler ou a escrever.
Ora,
cresciam na ignorância e no obscurantismo, podendo desempenhar determinadas
funções, especialmente ligadas à faina campesina, jardinagem e outras,
sobretudo ligadas a tarefas que não exigiam qualquer especialidade, mas que
obrigavam a conhecer certas épocas ligadas às sementeiras, à poda e outras…
Muitos
cidadãos eram, portanto, o grosso da manada do analfabetismo, que durante o
tempo de Salazar foi começado a ser combatido, continuado por Marcelo Caetano.
Ora, eram
muitos os que conseguiam lugares como “jardineiros” ou “cantoneiros” das
autarquias e, um dia, saiu uma lei que exigia que todos fossem obrigados a
possuir pelo menos o exame do 2º grau, ou seja, a quarta classe.
Ora, muitas
dessas pessoas eram já avós e não tinham tempo e menos ainda disposição para
frequentarem a Educação de Adultos, pelo que, como todas as leis, havia fugas,
como por exemplo aquilo que se chamava na altura, o “Atestado de Estupidez”,
que consistia numa declaração de um psiquiatra, afirmando que não possuiam
capacidade mental e psicológica para conseguirem o tal exame da quarta classe.
Assim, os “estúpidos”,
inscreviam-se numa consulta de psiquiatria, o psiquiatra procedia uns testes –
só depois surgiram os psicólogos – que elaboravam certos testes que comprovavam
a incapacidade do indivíduo, que deste modo podia manter o seu emprego sem as
habilitações exigidas pela nova lei.
Havia, nesse
tempo dispensários de Higiene e Saúde Mental distribuídos pelas áreas
residenciais, onde se inscreviam e onde eram observados pelos psiquiatras, que
os consideravam “incapazes de poderem fazer o exame da quarta classe”, o que
fez subir drasticamente o número de analfabetos no nosso país.
Eram bons
jardineiros ou cantoneiros, sabiam da poda, sabiam das épocas mas não possuiam
aquela capacidade que lhes permitisse o exame, pelo que, com a declaração do
psiquiatra, os isentava dele.
Foram
milhares as declarações passadas pelo país, até porque ninguém pretendia
retirar o pão de cada dia a essas pessoas
que nunca tinham frequentado uma escola, graças à miséria que os tinha
convertido, desde crianças, em trabalhadores, que depois conseguiam uma pensão
de reforma de cerca de mil escudos/mês, ao fim de quarente e tantos anos de
árduo trabalho.
Que lhes
poderia interessar o diploma da quarta classe, se sabiam da vida mais que
qualquer professor?
Resumindo,
passo a responder à pergunta que faço no início: “Não! Portugal não é e nunca
foi um país de estúpidos ou de atrasados mentais. E se existem, a maioria não
se insere nas classes populares!!!”
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