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quinta-feira, 14 de março de 2013

"Política de baixos salários está condenada ao fracasso"


A antiga da ministra da Justiça, Celeste Cardona, confessa num artigo de opinião, publicada esta quinta-feira no Diário de Notícias (DN), que ficou “espantada” com a leveza como a questão do possível aumento do salário mínimo nacional foi tratada, designadamente pelo primeiro-ministro que não só afastou essa possibilidade como defendeu que a “melhor política” seria o contrário. Celeste Cardona diz não acreditar que uma economia que “pague salários baixos seja capaz de crescer”.
Antes de conhecidos os resultados da sétima avaliação da troika, e apesar de serem avançados “pela comunicação social” alguns “sinais” que podem “traduzir um ‘aligeirar’ das dificuldades financeiras”, a antiga ministra da Justiça, Celeste Cardona, comenta esta quinta-feira, no seu habitual artigo de opinião publicado no DN, a questão do salário mínimo nacional, que esteve em discussão na passada semana.

Confessando ter ficado “’espantada’ com a leveza com que este tema foi abordado”, Celeste Cardona destaca a intervenção do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho que “decidiu falar sobre o assunto (…) para fazer comparações com os cortes realizados no salário mínimo na Irlanda e a nossa decisão de não fazer esses cortes no nosso País”, acrescentando que, “porventura, a melhor decisão de política seria mesmo a de realizar tais reduções para combater o desemprego”.

A antiga ministra diz não acreditar nesta teoria de que uma “economia que pague salários baixos seja capaz de crescer, desenvolver-se e, sobretudo, exportar num mercado tão competitivo, tão selectivo e exigente”. Pelo contrário, Celeste Cardona defende uma “economia com quadros e trabalhadores qualificados, a quem sejam pagas remunerações condizentes com a qualidade dos bens e produtos que produzem e que seja capaz de competir a nível internacional pela qualidade e não pelo baixo preço”.

“Mas, mesmo acreditando nesta fórmula”, escreve a ex-governante, “o que não se compreende é a comparação” com a Irlanda, onde o valor do salário mínimo nacional, “tanto quanto nos dizem as informações disponíveis (…) e depois das recentes reduções”, é de “mais de 1200” euros. O que, na opinião de Celeste Cardona, significa que, e apesar dos cortes, “um trabalhador irlandês continua a poder ter uma vida ‘duas a três vezes melhor’ do que os portugueses”.

“E é este o modelo económico para que nos encaminhamos?”, deixa no ar a antiga ministra socialista no seu artigo de opinião, intitulado “Uma economia de baixos salários é uma economia condenada ao fracasso”. 

N. M.


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