A antiga da ministra da Justiça, Celeste Cardona,
confessa num artigo de opinião, publicada esta quinta-feira no Diário de
Notícias (DN), que ficou “espantada” com a leveza como a questão do possível
aumento do salário mínimo nacional foi tratada, designadamente pelo
primeiro-ministro que não só afastou essa possibilidade como defendeu que a
“melhor política” seria o contrário. Celeste Cardona diz não acreditar que uma
economia que “pague salários baixos seja capaz de crescer”.
Antes de conhecidos os resultados da sétima
avaliação da troika, e apesar de serem avançados “pela comunicação social”
alguns “sinais” que podem “traduzir um ‘aligeirar’ das dificuldades
financeiras”, a antiga ministra da Justiça, Celeste Cardona, comenta esta quinta-feira,
no seu habitual artigo de opinião publicado no DN, a questão do salário mínimo
nacional, que esteve em discussão na passada semana.
Confessando ter ficado “’espantada’ com a leveza com que este tema
foi abordado”, Celeste Cardona destaca a intervenção do primeiro-ministro Pedro
Passos Coelho que “decidiu falar sobre o assunto (…) para fazer comparações com
os cortes realizados no salário mínimo na Irlanda e a nossa decisão de não
fazer esses cortes no nosso País”, acrescentando que, “porventura, a melhor
decisão de política seria mesmo a de realizar tais reduções para combater o
desemprego”.
A
antiga ministra diz não acreditar nesta teoria de que uma “economia que pague
salários baixos seja capaz de crescer, desenvolver-se e, sobretudo, exportar
num mercado tão competitivo, tão selectivo e exigente”. Pelo contrário, Celeste
Cardona defende uma “economia com quadros e trabalhadores qualificados, a quem
sejam pagas remunerações condizentes com a qualidade dos bens e produtos que
produzem e que seja capaz de competir a nível internacional pela qualidade e
não pelo baixo preço”.
“Mas,
mesmo acreditando nesta fórmula”, escreve a ex-governante, “o que não se
compreende é a comparação” com a Irlanda, onde o valor do salário mínimo
nacional, “tanto quanto nos dizem as informações disponíveis (…) e depois das
recentes reduções”, é de “mais de 1200” euros. O que, na opinião de Celeste
Cardona, significa que, e apesar dos cortes, “um trabalhador irlandês continua
a poder ter uma vida ‘duas a três vezes melhor’ do que os portugueses”.
“E
é este o modelo económico para que nos encaminhamos?”, deixa no ar a antiga
ministra socialista no seu artigo de opinião, intitulado “Uma economia de
baixos salários é uma economia condenada ao fracasso”.
N. M.
Sem comentários:
Enviar um comentário