Penso que já todos aqueles que passam os
olhos pelos blogs “UM POVO À RASCA” se aperceberam já de que, democraticamente
escolhemos os caminhos da esquerda política, mas que, sem qualquer pretensão de
termos sempre razão, mas apontar as
verdades, doa a quem doer e custe o que custar a quem quer que seja.
E, sempre que um “esquerdista” mete água,
sabemos apontá-lo sem qualquer tipo de remorso, precisamente porque defendemos,
nestes espaços, a verdade.
Ficamos bastante sensibilizados com o que se
passou ontem na Assembleia da República, com aquela extemporaneidade de Jorge
Lacão em relação à apresentação de uma “moção de censura” apresentada pelo PCP,
ao ponto de não compreendermos como pôde ele
permitir-se cair numa cena “histérica” quando o PCP a apresentou,
chegando a colocar em jogo a seriedade da sua aceitação pela presidente da AR.
Mais! Numa altura em que todos os partidos do
quadrante esquerdo da política nacional deveriam saber unir-se para dar combate
às políticas catastróficas do governo liderado por Passos Coelho, ou como dizem
alguns, por Vitor Gaspar, o PS, pela voz de Jorge Lacão se tenha permitido
embalar desenfreadamente num ataque feroz contra o PCP, porque este apresentou
a tal moção de censura, afirmando que iria, o seu partido, votar contra ela.
Todavia, os jornais de hoje falam e afirmam
de que o PS irá apresentar uma moção de censura ao governo, o que quer ou pode
querer dizer que o PS e o deputado Jorge Lacão, ao que parece especialista
nesta matéria, se sentiu ultrapassado pela actuação do PCP, que conta com o
apoio do BE e dos Verdes, que com ele votarão a moção ontem apresentada.
Assim sendo, penso que agiu mal o PS, que
deveria ter sabido negociar antes com o PCP e os restantes partidos da esquerda
nacional e, em conjunto, chegarem a um acordo e apresentarem uma moção de
censura de toda a esquerda, que demarcasse de uma vez por todas a posição do
PS, mostrando aos portugueses que quem está no caminho errado não é o PCP e
restantes partidos de esquerda, mas sim os partidos que formam o governo e
também, infelizmente, o próprio PS.
Certas atitudes não ficam nem caem bem na
sociedade, podendo mesmo causar uma certa confusão em determinados espíritos
menos abertos ou menos desenvolvidos, e podendo também – e daí o grave erro do
PS com semelhante atitude do tipo “histérico” – mostrado e demonstrado ontem
por Jorge Lacão.
Ora, quando os portugueses, em maioria
esmagadora, vivem com tremendas dificuldades, devido às atitudes e acções do
actual governo, e o PS dá mostras, pelo menos aparenta e demonstra
descontentamento, chegando a afirmar que afinal o PCP apenas pretendeu “encalacrar”
o PS, permitam-se senhores “camaradas pêessistas”, mas algo corre mal no seio
do partido, sobretudo porque depois e pela voz do seu Secretário-Geral, António
José Seguro, afirma que irá, também ele, apresentar uma moção de censura ao
governo, talvez noutros termos que a do PCP, mas que tem os mesmíssimos
objectivos, que não se ficam pela censura em si mesma – bem patente nas
manifestações de rua a que o país tem assistido e às quais o PS foge como o
diabo da Cruz – e vá-se lá saber porquê? – mas com bastantes militantes que se
juntam a elas, porque estão cansados já de tantas espoliações, roubos de
salários e de subsídios e um nível de vida miserável a que o actual governo os
submete, enquanto protege os capitalistas e bancários.
Podem crer que fica muito mal ao PS tomar
certas atitudes, como a de ontem à tarde na Assembleia da República, como a do
anúncio depois da apresentação – também – de uma moção de censura ao mesmo governo,
dando mostras que lhes falta alguém que saiba pegar na roda do leme de que a
nau portuguesa tem necessidade para poder seguir a rota ideal, ou, pelo menos
mais próxima do ideal.
Pensem, senhores camaradas do PS e sobretudo
metam no vestunto que todos os partidos que sabem respeitar a Constituição, que
acatam as decisões eleitorais dos
portugueses e se sentam na bancada da AR, são todos democratas, porque sabem
aceitar as regras do jogo que a democracia impõe.
Creiam que se não trata de uma crítica
severa, mas simplesmente de uma chamada de atenção a certos comportamentos que
nada abonam a bona fide de alguns que ser arvoram em componentes de uma “alternativa
democrática”, só porque se afirmam de um hipotético “Centro/Esquerda”, que não
hesitam, ou hesitarão em preferir unir-se à direita, ou ao designado “Centro/Direita”,
consoante a direcção dos ventos que soprem sobre o país.
Poderão meditar sobre estas singelas
palavras?
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