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sexta-feira, 22 de março de 2013

«PERMITAM-ME OS “CAROS CAMARADAS”…»



Penso que já todos aqueles que passam os olhos pelos blogs “UM POVO À RASCA” se aperceberam já de que, democraticamente escolhemos os caminhos da esquerda política, mas que, sem qualquer pretensão de termos sempre razão,  mas apontar as verdades, doa a quem doer e custe o que custar a quem quer que seja.

E, sempre que um “esquerdista” mete água, sabemos apontá-lo sem qualquer tipo de remorso, precisamente porque defendemos, nestes espaços, a verdade.

Ficamos bastante sensibilizados com o que se passou ontem na Assembleia da República, com aquela extemporaneidade de Jorge Lacão em relação à apresentação de uma “moção de censura” apresentada pelo PCP, ao ponto de não compreendermos como pôde ele  permitir-se cair numa cena “histérica” quando o PCP a apresentou, chegando a colocar em jogo a seriedade da sua aceitação pela presidente da AR.

Mais! Numa altura em que todos os partidos do quadrante esquerdo da política nacional deveriam saber unir-se para dar combate às políticas catastróficas do governo liderado por Passos Coelho, ou como dizem alguns, por Vitor Gaspar, o PS, pela voz de Jorge Lacão se tenha permitido embalar desenfreadamente num ataque feroz contra o PCP, porque este apresentou a tal moção de censura, afirmando que iria, o seu partido, votar contra ela.

Todavia, os jornais de hoje falam e afirmam de que o PS irá apresentar uma moção de censura ao governo, o que quer ou pode querer dizer que o PS e o deputado Jorge Lacão, ao que parece especialista nesta matéria, se sentiu ultrapassado pela actuação do PCP, que conta com o apoio do BE e dos Verdes, que com ele votarão a moção ontem apresentada.

Assim sendo, penso que agiu mal o PS, que deveria ter sabido negociar antes com o PCP e os restantes partidos da esquerda nacional e, em conjunto, chegarem a um acordo e apresentarem uma moção de censura de toda a esquerda, que demarcasse de uma vez por todas a posição do PS, mostrando aos portugueses que quem está no caminho errado não é o PCP e restantes partidos de esquerda, mas sim os partidos que formam o governo e também, infelizmente, o próprio PS.

Certas atitudes não ficam nem caem bem na sociedade, podendo mesmo causar uma certa confusão em determinados espíritos menos abertos ou menos desenvolvidos, e podendo também – e daí o grave erro do PS com semelhante atitude do tipo “histérico” – mostrado e demonstrado ontem por Jorge Lacão.

Ora, quando os portugueses, em maioria esmagadora, vivem com tremendas dificuldades, devido às atitudes e acções do actual governo, e o PS dá mostras, pelo menos aparenta e demonstra descontentamento, chegando a afirmar que afinal o PCP apenas pretendeu “encalacrar” o PS, permitam-se senhores “camaradas pêessistas”, mas algo corre mal no seio do partido, sobretudo porque depois e pela voz do seu Secretário-Geral, António José Seguro, afirma que irá, também ele, apresentar uma moção de censura ao governo, talvez noutros termos que a do PCP, mas que tem os mesmíssimos objectivos, que não se ficam pela censura em si mesma – bem patente nas manifestações de rua a que o país tem assistido e às quais o PS foge como o diabo da Cruz – e vá-se lá saber porquê? – mas com bastantes militantes que se juntam a elas, porque estão cansados já de tantas espoliações, roubos de salários e de subsídios e um nível de vida miserável a que o actual governo os submete, enquanto protege os capitalistas e bancários.

Podem crer que fica muito mal ao PS tomar certas atitudes, como a de ontem à tarde na Assembleia da República, como a do anúncio depois da apresentação – também – de uma moção de censura ao mesmo governo, dando mostras que lhes falta alguém que saiba pegar na roda do leme de que a nau portuguesa tem necessidade para poder seguir a rota ideal, ou, pelo menos mais próxima do ideal.

Pensem, senhores camaradas do PS e sobretudo metam no vestunto que todos os partidos que sabem respeitar a Constituição, que acatam  as decisões eleitorais dos portugueses e se sentam na bancada da AR, são todos democratas, porque sabem aceitar as regras do jogo que a democracia impõe.

Creiam que se não trata de uma crítica severa, mas simplesmente de uma chamada de atenção a certos comportamentos que nada abonam a bona fide de alguns que ser arvoram em componentes de uma “alternativa democrática”, só porque se afirmam de um hipotético “Centro/Esquerda”, que não hesitam, ou hesitarão em preferir unir-se à direita, ou ao designado “Centro/Direita”, consoante a direcção dos ventos que soprem sobre o país.

Poderão meditar sobre estas singelas palavras?

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