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quinta-feira, 7 de março de 2013

"País não precisa de catequistas mas de verdadeiros políticos"


O antigo líder parlamentar do PS, Francisco Assis, considera que “nos últimos anos” estamos a assistir “à emergência do que o francês Pierre Rosanvallon designa de contra-democracia”, ou seja, “uma época marcada pela prevalência do princípio da desconfiança”. Centrando-se no caso português, o socialista defende, no seu artigo de opinião, publicado no Público, que é necessária uma “prática política” capaz de “gerar o respeito e a adesão populares”.
Com o título ‘Uma nova forma de participação política’, o socialista Francisco Assis escreve hoje, no seu habitual artigo de opinião no jornal Público, que “as pessoas que se manifestam nas ruas pelos mais diversos e respeitáveis motivos estão, sem dar conta disso, a correr o risco de imersão num magma anti-representativo de imprevisíveis consequências”.

“Estamos [por isso] perante uma nova forma de participação política, onde à contestação do primado da lógica representativa corresponde a afirmação de uma linha de orientação marcada pelo princípio da desconfiança e pela publicitação de reivindicações puramente fragmentárias”, afirma o antigo líder parlamentar do PS.

Reportando-se ao caso português, Assis defende que “o País não precisa de pequenos catequistas, carece de verdadeiros políticos”, e diz ser “óbvio que a permanência de um Governo tão notoriamente incapaz, em nada concorre para o sucesso de uma prática política susceptível de gerar o respeito e a adesão populares”. Mas, “tal circunstância acaba por cometer especiais responsabilidades à oposição”, nomeadamente ao PS, “que tem o dever de se colocar num outro plano na disputa política”.

“Só assim estará em condições de suscitar o respeito de todos aqueles que nos últimos meses têm manifestado uma profunda desconfiança no funcionamento do sistema político e se têm aproximado de um cepticismo respeitável, mas inconsequente”, acrescenta Assis, sublinhando que hoje exige-se “ao PS que seja algo mais que uma mera alternativa de poder”.

“Pede-se-lhe que consubstancie com rigor e com coragem um projecto sério de governação do nosso País”, o que, salienta Assis, “não se alcança com a simples utilização de uma linguagem primária assente na ideia ingénua de uma nova forma de fazer política”, mas sim através da “valorização da inteligência, da densidade, do rigor e da exigência na apresentação de um projecto capaz de suscitar a adesão da opinião pública”.

N. M.

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