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sexta-feira, 8 de março de 2013

«MEUS SENHORES, VÃO-SE F…ER!!!!»


Visto que sou uma criança que tem sido abusada da vossa confiança, é justo que me sinta submetido a um regime de liberdade inerente á minha idade.

As vossas idas e vindas deverão ser submetidas a uma autorização prévia pelos cidadãos todos, devendo fazer-lhes compreender que não se trata de uma fiscalização policial, mas o exercício da soberania de um povo que tem sido sucessivamente martirizado pelos senhores que vivem à custa de todos, que nada pagam, pelo contrário, e que ainda gozam com a dignidade de todos os meus compatriotas.

Com isso reduzireis bastante as possibilidades de encontros clandestinos, sempre nocivos para todos nós, vendo como sofrem meus pais por não poderem trabalhar e ganhar a sua vida, até porque tenho mais dois irmãos  mais novos.

Por um bom tempo, que deverieis fixar, deveríamos fixar todos em conjunto, que o senhor Pedro tome, por exemplo, a condução do país – e já está a ser demasiado tempo para que a libertação do povo se verifique na sua totalidade – uma vez que ele só sabe roubar-nos nos nossos direitos e nas nossas regalias sociais, nos nossos direitos como seres humanos.

É preciso ter um forte estômago para nos crivar de impostos, de diminuir aos benefícios e de roubar os salários e os subsídios de férias e de Natal e, se possível, que não tome condução nenhuma.

A bicicleta é uma máquina engenhosa: suprime, entre outras, nos jovens e nos menos jovens, grande parte dos casos de coração.

A promiscuidade dos carros topo de gama, dos autocarros é um eterno perigo, senhores, Andem a pé ou nos vossos carros, como eu ando no dos meus pais, quando ainda têm dinheiro para meter alguma gasolina no depósito.

Tenho ouvido dizer que, quase sempre, a origem do mal foi uma curiosidade malsã. Talvez ela ainda subsista.

É preciso, de qualquer maneira, informar o senhor Pedro sobre alguns problemas essenciais que o atormentam, como também atormentam os meus pais, como os ouço dizer várias vezes ao dia, sem que possa fazer seja o que for para lhes causar algum alívio. Os senhores são os verdadeiros culpados pela fome que passo, pela miséria em que vivemos hoje em dia, e ainda se riem e gozam com a nossa infelicidade.

Tende presente que, dentro de algum tempo, estareis entregues a vós próprios, som poderdes continuar a roubar os portugueses e que, desprovidos de experi~encia e de poder, nada valeis, para nada prestais, senhores do governo de Portugal.

Sois muito valentes e corajosos quando vos amparais no poder da força e na força do poder, mesmo que não tenhais legitimidade alguma para vos manterdes no poder, uma vez que vos fartasteis de mentir aos portugueses para conseguirdes os lugares que ainda ocupais.

Ah, devo dizer-vos que faço anos para a semana que vem e que me sinto enojado com a vossa presença no poder no meu querido país que é Portugal. Qual é o vosso?

Frequento a escola, sei fazer algumas coisas am Trabalhos Manuais, e com um peluche que há anos me deram uns amigos no dia dos meus anos, fiz o que os senhores estão a fazer à maioria dos portugueses e que os senhores não merecem qualquer confiança da nossa parte.

Um professor disse-me que não pode haver pior iniciação que as conversas dos adolescentes, mas eu vi-me forçado a amadurecer rapidamente, devido a todos os vossos “mimos” oferecidos aos rapazes da minha idade e a seus pais.

Por isso, meus senhores, vão-se f…er e deixem-nos em paz!

Também me chamo Pedro, infelizmente...

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