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sexta-feira, 8 de março de 2013

Quando sopram maus ventos…













Na vida, não vale tanto o que temos nem o que somos, mas o que realizamos com o que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nós.

Os ventos estão maus para os orçamentos familiares, sobretudo os mais pobres. Todo o OE é feito e apresentado sem compromisso. Se houvesse compromisso não seria orçamento.

Na vida só existe o amigo pessoal porque ainda não inventaram o amigo “impessoal”. Muitos são hoje os que dizem: «Perdi o meu voto!» Para quê ter sonhos se a parcimónia é possível? Faremos, olharemos, providenciaremos, etc.. Além do mais, gerúndio no futuro é, no mínimo, muito suspeito.

Dizem que para o amor fraternal se fazer sentir não há hora, não há dia nem momento marcado. Simplesmente acontece. Vem de repente e instala-se no mais sensível dos nossos órgãos: o coração.

Acredito que sim, mas percebo também que, pelo facto desse momento não ser determinado por nós, quando chega, demonstra sintomas arrebatadores; vira tudo do avesso e fica instalada a bagunça, a confusão, num país como Portugal, aquele em que, devido a esse amor fraternal, os salários são os mais baixos da Europa e a carga fiscal se situa nos 37,2%.

É verdade que quando duas almas se entendem, o que primeiro se vê não é a aparência física, mas a semelhança entre elas. Compreendem-se e sentem falta uma da outra, entristecendo-se por não se terem encontrado antes. Afinal tudo poderia ter sido bem diferente.

Sabem, no entanto, que é esse o caminho e que não haverá retorno para as suas pretensões. É como se falassem além das palavras e entendessem a tristeza do outro, a alegria e o desejo de todo um povo mais que martirizado.

Quando almas afins se entrelaçam, passam a sentir saudades uma da outra, num processo contínuo de reaproximação, até à consumação da santa aliança.

Almas que se encontram, podem também levar o sofrimento àqueles que carregam sobre os ombros toda a carga e emoção mal contida, à espera do encontro final.

Desejam coisas que se tornam impossíveis para quem mal pode já caminhar, ver o sol, chegar, rir… apesar de, muitas vezes saber que tudo não passa de opressão disfarçada de necessidade nacional. Não! Necessidade apenas de alguns, para satisfazer outros alguns. A despedida faz-se presente, porque muitas vezes eles encontram-se num tempo e num epaço diferentes do que a realidade pode permitir.

E, os portugueses ficam cada vez mais marcados e, não podendo mais caminhar, jamais se conseguirão separar, sabendo que terão de se encontrar nalgum lugar…

Os portugueses não têm a menor culpa no anfiteatro da crise financeira e laboral que dizem afectar o mundo, mais a Europa onde estamos inseridos.

No entanto, nada podem fazer para extravasar toda a plenitude do seu descontentamento, porque no fundo, só querem poder viver a sua vida calmamente, no respeito pelos outros e pelas instituições.

Convenhamos que é, hoje em dia, tarefa muito árdua que cada um carrega na sua mochila, que faz com que os sonhos verguem ao seu peso e seja cada vez mais difícil voltar à posição vertical de ser humano.

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