Na vida, não vale tanto o que
temos nem o que somos, mas o que realizamos com o que possuímos e, acima de
tudo, importa o que fazemos de nós.
Os ventos estão maus para os
orçamentos familiares, sobretudo os mais pobres. Todo o OE é feito e
apresentado sem compromisso. Se houvesse compromisso não seria orçamento.
Na vida só existe o amigo pessoal
porque ainda não inventaram o amigo “impessoal”. Muitos são hoje os que dizem:
«Perdi o meu voto!» Para quê ter sonhos se a parcimónia é possível? Faremos,
olharemos, providenciaremos, etc.. Além do mais, gerúndio no futuro é, no
mínimo, muito suspeito.
Dizem que para o amor fraternal
se fazer sentir não há hora, não há dia nem momento marcado. Simplesmente
acontece. Vem de repente e instala-se no mais sensível dos nossos órgãos: o
coração.
Acredito que sim, mas percebo
também que, pelo facto desse momento não ser determinado por nós, quando chega,
demonstra sintomas arrebatadores; vira tudo do avesso e fica instalada a
bagunça, a confusão, num país como Portugal, aquele em que, devido a esse amor
fraternal, os salários são os mais baixos da Europa e a carga fiscal se situa
nos 37,2%.
É verdade que quando duas almas
se entendem, o que primeiro se vê não é a aparência física, mas a semelhança
entre elas. Compreendem-se e sentem falta uma da outra, entristecendo-se por
não se terem encontrado antes. Afinal tudo poderia ter sido bem diferente.
Sabem, no entanto, que é esse o
caminho e que não haverá retorno para as suas pretensões. É como se falassem
além das palavras e entendessem a tristeza do outro, a alegria e o desejo de
todo um povo mais que martirizado.
Quando almas afins se entrelaçam,
passam a sentir saudades uma da outra, num processo contínuo de reaproximação,
até à consumação da santa aliança.
Almas que se encontram, podem
também levar o sofrimento àqueles que carregam sobre os ombros toda a carga e
emoção mal contida, à espera do encontro final.
Desejam coisas que se tornam
impossíveis para quem mal pode já caminhar, ver o sol, chegar, rir… apesar de,
muitas vezes saber que tudo não passa de opressão disfarçada de necessidade
nacional. Não! Necessidade apenas de alguns, para satisfazer outros alguns. A
despedida faz-se presente, porque muitas vezes eles encontram-se num tempo e
num epaço diferentes do que a realidade pode permitir.
E, os portugueses ficam cada vez
mais marcados e, não podendo mais caminhar, jamais se conseguirão separar,
sabendo que terão de se encontrar nalgum lugar…
Os portugueses não têm a menor culpa
no anfiteatro da crise financeira e laboral que dizem afectar o mundo, mais a Europa onde estamos inseridos.
No entanto, nada podem fazer para
extravasar toda a plenitude do seu descontentamento, porque no fundo, só querem
poder viver a sua vida calmamente, no respeito pelos outros e pelas
instituições.
Convenhamos que é, hoje em dia,
tarefa muito árdua que cada um carrega na sua mochila, que faz com que os
sonhos verguem ao seu peso e seja cada vez mais difícil voltar à posição
vertical de ser humano.
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