Carlos
Monjardino contesta cortes de apoios públicos e ameaça deixar de financiar
projectos relacionados com o Estado.
Carlos
Monjardino
O presidente da Fundação Oriente (FO) acusa o Governo de ter
"memória curta" e lamenta que 25 anos após a sua criação, a
instituição seja alvo de uma "discriminação pateta" e o seu trabalho
a favor de Portugal ignorado.
Em entrevista à agência Lusa por ocasião do 25.º aniversário da
Fundação Oriente, que se assinala na segunda-feira, Carlos Monjardino diz-se
irritado com as "trapalhadas" de um Governo que não reconhece o
trabalho que a instituição privada tem desenvolvido nas últimas décadas a favor
dos interesses portugueses um pouco por todo o mundo, não só em Macau.
A
FO foi constituída em 18 de Março de 1988 como uma das contrapartidas impostas
pela então administração portuguesa de Macau à concessão em regime de exclusivo
da exploração do jogo no território.
Em
Setembro de 2012, quando o Governo divulgou a lista das fundações a extinguir e
a sofrer cortes financeiros, a FO foi incluída no grupo de entidades com
cessação total de apoios financeiros públicos.
Isto
apesar de a Fundação, constituída em 18 de Março de 1988, "nunca ter
recebido qualquer subsídio do Estado", afirmou Carlos Monjardino, que já
contestou formalmente a decisão e, garante, vai voltar a fazê-lo.
O
responsável sustenta que os valores classificados como apoios financeiros
públicos recebidos pela fundação e que serviram de base à decisão são
"verbas comunitárias provenientes do Plano Operacional de Cultura".
Essas
verbas, precisou, foram utilizados "entre 2008 e 2010 para lançar
actividades no Museu do Oriente", em Lisboa, a face mais visível do
trabalho da instituição, criada com o objectivo de promover relações históricas
entre Portugal e os países orientais, Macau e China.
A
resolução do Conselho de Ministros publicada na semana passada em Diário de
República formaliza o corte de verbas públicas à FO.
"Começo
a pensar que está tudo doido, porque essa decisão não faz qualquer sentido. A
questão que coloco ao Governo é a seguinte: Há alguma coisa contra a Fundação
Oriente? Se calhar há. Talvez por eu ser socialista, não sei", afirmou.
Monjardino
lembrou que a instituição gastou, entre 1989 e 2011, "cerca de 24 milhões
de euros" para financiar a Escola Portuguesa de Macau e o Instituto
Português do Oriente (IPOR), ambas iniciativas do Estado português.
"E
agora vêm chatear-nos com isto? Se assim é, se continuarmos a ser maltratados,
então vamos deixar de apoiar qualquer coisa que tenha a ver com Estado",
advertiu.
Carlos
Monjardino adiantou que está a contabilizar os apoios financeiros
disponibilizados nas últimas décadas a vários projectos públicos e que vai
entregar esse somatório ao Governo.
Mas
presidente da FO fez um balanço positivo dos últimos 25 anos, salientando que a
fundação com os objectivos que nortearam a sua criação.
"Foram
várias fases, umas melhores do que outras, mas o balanço é claramente positivo,
sobretudo no que toca à cooperação entre a China e Portugal e a especial
atenção dada a Macau", disse.
O
25º aniversário vai ser comemorado na segunda-feira com um "almoço
íntimo" na sede da Fundação, mas em Abril o Museu do Oriente realizar
várias iniciativas para assinalar a efeméride.
=Público=
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