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domingo, 3 de março de 2013

Um mar de gente mandou lixar a Troika... e o governo


Organizadores reclamam participação de um milhão e meio nas ruas. «Grândola» ouviu-se em todo o país pelas 18.30


A manifestação nacional «Que se lixe a troika, o povo é quem mais ordena» levou centenas de milhar de portugueses às ruas de 40 cidades ao longo desta tarde de sábado. Com o mote comum do protesto contra a política de austeridade do governo, decorrente do financiamento externo, e com a canção «Grândola, Vila Morena» como ícone, mais de 40 cidades (portuguesas e não só, já que houve iniciativas de solidariedade em algumas capitais europeias) participaram no evento, com Lisboa e Porto a conseguirem as participações mais expressivas.

Grândola cantada no Terreiro do Paço

Grândola cantada no Porto

Como foi em Braga

Sem notícia de incidentes durante a tarde (os primeiros registos vieram ao cair da noite, no Porto, já numa fase de desmobilização), a manifestação foi organizada pela mesma plataforma independente que esteve na origem das manifestações de 15 de setembro, contra a TSU. Com as redes sociais como instrumento principal de mobilização, o movimento «Que se Lixe a Troika» acabou por contar com a participação, não institucional, de diversas personalidades e organizações, partidárias e sindicais, ligadas à esquerda. No resto, foi patente, nos desfiles das várias cidades, a grande diversidade etária e de proveniência social dos participantes. Novos, velhos, desempregados, e profissionais dos mais diversos setores deram voz ao protesto com a situação económica do país, com rostos conhecidos misturados com a população anónima.

Embora a diferença de percursos tornasse inviável uma comparação direta com as manifestações de 15 de setembro, os organizadores divulgaram números que apontam para uma participação superior: ao milhão de manifestantes apontados há cinco meses, o movimento «Que se Lixe a Troika» reclamou a participação de milhão e meio de portugueses nas iniciativas em todo o país, com 500 mil em Lisboa e 400 mil no Porto. Inês Subtil, da organização, falou mesmo na «maior manifesação de sempre» na cidade Invicta, num percurso iniciado na Praça da Batalha e concluído na Avenida dos Aliados.

Em Lisboa, o protesto começou às 15 horas, com a «Maré da Saúde», em frente à Maternidade Alfredo da Costa, a funcionar como movimento de defesa do Serviço Nacional. A partir das 16 horas, a cabeça da manifestação iniciou o percurso previsto, do Marquês até ao Terreiro do Paço, com a descida simbólica da Avenida da Liberdade, a motivar palavras de ordem e declarações de várias figuras públicas, da política e da cultura.
 

Cerca de uma hora e 15 minutos depois, os primeiros manifestantes, com os organizadores à frente, chegavam ao Terreiro do Paço, onde os aguardava o palanque que centralizou as atenções a partir daí. Faltava mais de uma hora para o ponto alto do evento, o entoar (mais ou menos) simultâneo da «Grândola Vila Morena» pelos manifestantes, em todo o país. Palavras de ordem de protesto para com Passos Coelho e Cavaco, intercaladas com intervenções breves de oradores improvisados, mantiveram a chama acesa.
 

Depois, pelas 18.23, os manifestantes do Terreiro do Paço anteciparam-se aos planos. Puxados pelos organizadores, e ajudados por cantores como Francisco Fanhais, Carlos Mendes, Filipa Pais protagonizaram uma das versões mais impressionantes da «Grândola, Vila Morena», canção de José Afonso que tem funcionado como senha das iniciativas de contestação dos últimos meses.
 

Presidente da República, e Primeiro ministro, mais até do que as instituições internacionais que deram o mote ao movimento, ouviram apelos à demissão. Depois, os manfestantes desmobilizaram, deixando na ordem do dia para os próximos tempos a avaliação das consequências políticas de um protesto que parou o país durante quatro horas.

=TVI24=


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