O semanário Expresso soube que, durante as
negociações da sétima avaliação do programa de ajustamento, a troika apontou
responsabilidade ao Governo português por não saber comunicar e explicar as
medidas que está a tomar, e lembrou que foi o Executivo que, na primeira fase
do programa, decidiu fazer o ajustamento, sobretudo, pelo lado da receita.
A presença prolongada da troika em Portugal, cedo deixou perceber
que, e como confirmou ontem o ministro das Finanças Vítor Gaspar, “este exame
[o sétimo] foi difícil” e por isso mais “demorado”.
Segundo
adiantou ao Expresso uma fonte próxima das negociações, era intenção do actual
Governo “fazer uma recalibragem do programa – em prazos e metas – que evitasse
que daqui a uns tempos se esteja a rever tudo, outra vez”.
No entanto, e apesar
de confrontados pela Executivo com a degradação do quadro macroeconómico
português (mais desemprego e recessão) e a conjuntura externa, os técnicos da
troika foram claros em atribuir responsabilidades ao Governo.
Em primeiro lugar porque não sabe comunicar o que está a fazer,
por isso, os técnicos da troika insistiram na necessidade de “explicar,
explicar, explicar”.
E, em segundo lugar, lembraram que a opção de fazer o
ajustamento, sobretudo, pelo lado da receita, foi do Governo português, porque
o memorando sugeria 2/3 do lado da despesa e apenas 1/3 do lado da receita. Uma
proporção nunca seguida pelo Governo.
Perante
este argumento, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, justificou, diz o
Expresso, que o objectivo foi ir pelo caminho que garantisse resultados
imediatos.
A troika aceitou a explicação, mas considera que assim sendo não há
razão para surpresas face aos resultados, sublinhando que desde o início ficou
claro que: aumentos de impostos e cortes temporários de despesa, não
substituíam a necessidade de cortes estruturais e permanentes.
N. M.
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