Enquanto uma maioria de militantes quase
implora que o PS regresse às origens, ou seja, à esquerda e se separe da ideia
de se aliar ao PSD, como era intenção de Sócrates antes de se demitir e ir
fazer um “retiro” em Paris, agora que regressou, já os militantes do PSD atacam
severamente a actual liderança do PS, fazendo afirmações bombásticas, como a de
que o PS se alia, com José Seguro, aos partidos mais radicais da esquerda
nacional, o que nem de longe nem de perto corresponde à realidade.
De entre a delegação de deputados do PS no
hemiciclo, 2/3 são “socráticos”, pelo menos os 2/3, o que torna muito difícil
ao actual secretário-geral, António José Seguro, poder liderar o seu partido
sem que dê um murro bem forte na mesa e os coloque em sentido.
Como é evidente, corre o risco de desencadear
uma revolta interna, mas não deve temê-la, pois ninguém deve julgar-se refém de
si próprio, e se tal acontecesse, deveria colocar o seu lugar à disposição, já
que não precisa da política para nada.
Todavia, a hipocrisia que reina no seio dos
maiores partidos portugueses, talvez o impeça de agir como pretendia, até
porque, com o regresso de Sócrates de Paris, e a sua ida, como comentador para
a RTP um dia por semana e 25 minutos de duração do programa de perguntas e
respostas.
E, se os seus apoiantes pudessem abrir os
olhos e aguçar os ouvidos, facilmente chegariam à conclusão que o convite recebido
e aceite por Sócrates está completamente envenenado e que pretende apenas
desmoralizar a actual liderança do PS, ao mesmo tempo que tentam desacreditá-la
perante as bases que a elegeram.
Não que me doa pelo que se passa no PS ou com
o PS, até porque não o merece, mas lamento que aqueles ceguetas não queiram ver
que tudo não passa de mais uma tramóia bem urdida por um maquiavélico do PSD.
Se Sócrates dedicar o seu tempo de antena a
lançar críticas ao actual líder do PS, o que certamente fará camufladamente,
mas não de imediato, pois tem ainda tempo para as autárquicas e ainda mais
tempo para as presidenciais, às quais estou convicto que se lançará na corrida
e por isso regressou tão cedo, para tentar obstaculizar a hipotética candidatura
de Marcelo Rebelo de Sousa ou mesmo de Durão Barroso, que chegou a estar
indigitado para Secretário Geral da ONU, ideia á qual Obama se opôs, não sem
lançar umas piadas sobre ele e a sua total submissão ao anterior presidente dos
Estados Unidos, tal como agora se submete às vontades e desejos de Frau Merkel.
Ora, com o PS virado para a direita e
apoiando o capitalismo global e a submissão às imposições da troika, do FMI e
do BCE, como pode estar ligado à esquerda radical, que francamente desconheço
em Portugal?
Diz o povo, na sua imensa sabedoria, que há
muitas maneiras de matar pulgas, e ao que tudo indica, o PSD e seus deputados
conhecem-nas todas, e usam-nas sempre que podem, porque sentem medo dessa
possível plataforma de esquerda entre os tais “radicais” e o PS, que os coloque
de fora dos destinos da nação.
E falam da assinatura do memorando com a
troika, quando essa assinatura se deveu unicamente ao PSD e ao senhor Pedro, ao
senhor Portas e a Sócrates, embora se não possa dizer que o senhor Silva possa
afirmar-se inocente.
E assim é Portugal, onde continua a coexistir
doentiamente uma espécie de democracia e a intriga política, sem que se
vislumbre um fim que traga a paz social com um melhor nível de vida para todos
os cidadãos.
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