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sábado, 2 de março de 2013

Objectivo: Igualar Setembro


Ninguém consegue prever se o dia 2 de Março ficará registado como marco na contestação ao Governo. Mas nos últimos dias aumentou a expectativa do Movimento ‘Que Se Lixe a Troika’ e a preocupação dos partidos da maioria e do Governo.
Com os responsáveis do FMI, da CE e do BCEem Lisboa, para a 7.ª avaliação do memorando de ajuda externa, a adesão da CGTP e as declarações de apoio de membros do PCP e do BE, e até do líder do PS, fizerem soar sinais de alarme na maioria – que cruzam os dedos para que se confirmem as previsões de chuva e, sobretudo, para que o ajuntamento não atinja as proporções do 15 de Setembro, que obrigou a um recuo no projecto de alteração da Taxa Social Única (TSU). 

Uma coisa é certa: desta vez o protesto é contra toda a política do Governo e não há recuo possível.

Ainda que o milhão de pessoas que terão participado a 15 de Setembro seja difícil de superar, a agitação das últimas semanas permite aos organizadores conjecturar uma protesto histórico. Nunca uma manifestação teve tanta ‘publicidade grátis’ como esta, com protestos quase diários contra membros do Governo.

Esta quarta-feira, o primeiro-ministro foi confrontado na Faculdade de Direito de Lisboa – tendo ficado a imagem do coelho enforcado, exibido por estudantes. A iniciativa estava marcada há semanas e o chefe do Governo não quis dar um sinal de fraqueza faltando ao debate.

«Tem sido fundamental a constante mediatização, quase diária, dos protestos. Aparecem cartazes da manifestação e a mensagem vai passando», afirma um activista. Há quinze dias, o grupo de organizadores do ‘Que Se Lixe a Troika’ foi ao Parlamento cantar a Grândola, interrompendo Passos Coelho, mas as ‘grandoladas’ já não são exclusivo do movimento.

«Não tivemos nada a ver com o que aconteceu no protesto do Hotel Sana contra Vítor Gaspar», diz Marco Marques, que participou na organização da manifestação de 15 de Setembro e está a preparar a de amanhã. Quanto à escolha da música de Zeca Afonso, o motivo é naturalmente o de «suscitar a adesão de um grupo alargado».
No aumento da massa crítica, o PS é fundamental. Vários deputados, com destaque para o grupo de jovens que integra Pedro Nuno Santos e Duarte Cordeiro, comprometeram-se a participar. Manuel Alegre apoia («estou de alma e coração com os que protestam», diz ao SOL) e António José Seguro teve uma mensagem de solidariedade: 

«Os portugueses têm o dever de se manifestarem». Hoje, o PS ajuda a criar ambiente, com um debate potestativo no Parlamento sob o tema ‘Alternativa para a Saída da Crise’.

Entre as páginas de movimentos do Facebook e a agitação em blogues e sites partidários, verifica-se que aderiram os movimentos de reformados, de jovens precários e os ligados a professores e a profissionais de saúde.

Próximos protestosna calha para Abril e Maio
A nível partidário, o PCP juntou-se ao resto da esquerda, esta semana. «Os comunistas marcarão presença como contributo para a derrota do Pacto de Agressão, deste Governo e da política de direita», esclareceram em comunicado. «Ninguém quer ficar de fora de uma coisa destas», diz um organizadores.

Depois de hoje, o futuro já está a ser pensado pelos movimentos. O 25 de Abril e o 1.º de Maio são as datas para os próximos protestos. A comemoração da revolução poderá ter um cariz mais festivo, enquanto o Dia do Trabalhador aparece como o momento ideal para mostrar descontentamento e revolta pelo desemprego.
«Um em cada cinco portugueses estão desempregados, o que coloca o país à beira da ruptura social», diz Frederico Pinheiro, membro da direcção da ATTAC-Portugal e Auditoria à Dívida, duas associações envolvidas na manifestação desta tarde.

O sentimento nestas organizações é que há uma crescente adesão. «As pessoas estão saturadas. Nas reuniões vemos gente de direita, fartas de impostos, e que já não acreditam que a austeridade vá resolver alguma coisa», sublinha Pinheiro. Hoje é a prova dos nove.



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