Representantes
das Forças Armadas dizem que sempre foram um saco de pancada.
Os militares reunidos na tarde desta quarta-feira em Almada,
convocados pelas associações de oficiais, sargentos e praças, consideram que o
país está a ser posto em causa.
“O país está a ser posto em causa, do país fazem parte as Forças
Armadas, que são um dos fundamentos do Estado, e são os fundamentos do Estado
que neste momento estão a ser postos em causa”, acusou Manuel Pereira Cracel,
presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA). Esta denúncia
de Pereira Cracel motivou um dos mais sonoros aplausos da plateia de cerca de
500 militares na reforma e na reserva.
“Espero que o poder político tenha
o bom senso de ler os sinais que a sociedade portuguesa e os militares lhe têm
enviado para arrepiar caminho”, manifestou Vasco Lourenço, moderador do debate,
na sua intervenção inicial. O desejo de que o Governo altere as políticas
previstas para as Forças Armadas foi, aliás, uma das constantes de todas as
intervenções. “O poder não pode envolver as Forças Armadas na destruição do
país, não pode transformar as Forças Armadas numa força armada”, salientou
Vasco Lourenço.
“Servimos a Nação e não nos
servimos da Nação, há uma imagem distorcida de que os militares e suas famílias
são privilegiados”, criticou, por seu lado, Lima Coelho, presidente da
Associação Nacional de Sargentos (ANS). O responsável da ANS evocou o direito à
resistência, contemplado no 21.º artigo da Constituição Portuguesa, para se
dirigir ao ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco: “senhor ministro,
estamos disponíveis para encontrar caminhos.”
Enquanto o representante dos
oficiais abordou a questão dos dinheiros da Defesa e Lima Coelho referiu os
problemas da saúde, Luís Reis, da Associação de Praças, lançou o debate sobre
as pensões. “O fundo de pensões está há muito descapitalizado e em situação de
ruptura”, destacou.
Num debate sobre a situação
socioprofissional dos militares, a maioria das intervenções foram sobre
rendimentos, impostos e direitos em causa. “Sempre fomos um saco de pancada,
assim nos habituámos quando era em proveito de Portugal, não é agora o caso”,
lamentou um capitão na reserva. “O nosso Governo é feito de eufemismos, fala de
contributo extraordinário de solidariedade, quando a solidariedade é imposta
não é solidariedade – é roubo”, comentou um sargento-mor reformado. A sua
intervenção foi uma das mais aplaudidas.
=Público=
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