Qual
o impacto de uma subida do salário mínimo no emprego? Há estudos que salientam
o efeito positivo na procura e estudos que destacam o acréscimo de custos. Mas
o efeito é sempre reduzido.
São três as questões em análise. Por um lado, como é que as
empresas reagem perante um aumento do custo do trabalho provocado pela subida
do salário mínimo. Por outro, qual o impacto positivo sobre a procura interna
se alguns dos trabalhadores mais pobres virem o seu rendimento aumentar. E, por
último, qual a percentagem de empresas e trabalhadores verdadeiramente
afectados por esta medida.
Em Portugal, foram publicados recentemente dois estudos que
serviram para dar uma base técnica a decisões de ordem política.
Em
2008, Ricardo Paes Mamede, do ISCTE, analisou o impacto do acordo de subida
progressiva do salário mínimo, assinado em 2006. E concluiu que "os
efeitos sobre os custos da generalidade das empresas portuguesas são
moderados", podendo-se "estar a contribuir para diminuir a incidência
do fenómeno dos "trabalhadores pobres" em Portugal, sem com isso pôr
em risco o desempenho da economia portuguesa". De acordo com os cálculos
do economista, o impacto global na massa salarial do sector privado seria de
0,13%. Paes Mamede assinalava contudo que, em algumas empresas, o impacto
poderia ser mais significativo.
Mais
recentemente, um estudo elaborado por uma equipa de economistas da Universidade
do Porto e da Universidade do Minho, concluiu que o aumento agora do SMN para
os 500 euros levaria a uma diminuição do emprego entre 0,34%, no cenário de
baixo aumento dos preços da produção interna (1%), e 0,01% no cenário de
aumento elevado dos preços (3%).
A
evolução do salário mínimo nacional está fortemente condicionada pelo memorando
de entendimento assinado com a troika /Comissão
Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) em 2011. Logo
no primeiro documento ficou escrito que "qualquer aumento do salário
mínimo só terá lugar se justificado pela evolução económica e do mercado de
trabalho" e "após acordo no quadro da revisão do programa".
O
memorando acabou por condicionar o acordo de concertação - assinado em 2006 -
que previa que o salário mínimo chegasse aos 500 euros em 2011. Na realidade, o
salário mínimo não foi além dos 485 euros e de então para cá tem estado
congelado.
=Público=
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