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segunda-feira, 11 de março de 2013

"Cavaco tem a visão mais minimalista de todos os Presidentes"


O comentador político Marcelo Rebelo de Sousa considera que o Presidente da República, Cavaco Silva, gerou demasiada expectativa em torno do prefácio divulgado no passado sábado, sendo que as suas palavras “não trouxeram nada de novo”. Para o social-democrata, “Cavaco tem a visão mais minimalista de todos os Presidentes”, no que toca ao exercício dos poderes presidenciais, e “esperar que deite abaixo uma maioria [governamental]” é pura ilusão.
No entender de Marcelo Rebelo de Sousa, o prefácio do Presidente da República, tornado público no sábado, limita-se a traduzir “aquilo que sempre pensou”. E concretizou o antigo líder ‘laranja’ em jeito de síntese: “Não vai fazer nada em relação ao memorando da troika, é livre de criticar a Europa, e apoia o Governo”, sendo que relativamente a pequenas discordâncias, as “diz baixinho” ao Executivo. 

"Cavaco tem a visão mais minimalista de todos os Presidentes”, no que ao exercício dos poderes presidenciais diz respeito, assinalou o Conselheiro de Estado, pelo que “esperar que deite abaixo uma maioria”, é algo que “não existe”. Ainda assim, salvaguardou Marcelo, o Presidente da República “nunca enganou ninguém”.

O professor, que falava no âmbito do seu habitual comentário aos domingos, na antena da TVI, destacou, por outro lado, que “se o Governo não fosse desastrado” a semana passada teria sido pautada só por “boas notícias”. Marcelo Rebelo de Sousa reportava-se, assim, à forte probabilidade de Portugal vir a gozar de mais cinco a 10 anos para pagar os empréstimos aos credores, e à subida do rating do País por parte da agência Standard & Poor's. “A semana estava a correr bem para o Governo”, não fosse o tema “salário mínimo” tê-la manchado, referiu o comentador.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, “tinha a melhor maneira de lateralizar o jogo, afirmando quer era prematuro pronunciar-se sobre a matéria”, apontou Marcelo, acrescentando que, para lá do chefe do Executivo ter escolhido uma má estratégia na abordagem do assunto ao comparar Portugal à Irlanda, “o inefável António Borges, que escolhe os piores momentos para aparecer e que quer ajudar mas enterra o Governo”, ao que “o ideal era baixar o salário mínimo”, só prejudicou mais o primeiro-ministro, uma vez que foi interpretado como estando “a dizer em voz alta o que Passos pensa”.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, o facto de a troika ter prolongado a sua estadia em Portugal, é “um bom sinal”. “O Governo fez finca-pé e a troika mudou de discurso, está mais flexível”, frisou o social-democrata. Não obstante preveja que a troika vai “querer manter o calendário dos cortes, isso é igual ao litro. Mesmo que não consiga agora, até ao fim do ano o Governo já ganhou” essa batalha, vaticina o comentador.

E, na opinião de Marcelo, não foram só os responsáveis por monitorizar o programa de ajuda externa do País que mudaram, também o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, está diferente. “Gaspar mudou. O Gaspar que temos hoje já é mais flexível”, fez sobressair.

N. M.

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