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quarta-feira, 20 de março de 2013

Encerramento da MAC vai a julgamento



A juíza do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa quer ouvir várias testemunhas para decidir se suspende o processo de encerramento da Maternidade Alfredo da Costa (MAC). Isto, na sequência da providência cautelar interposta por um grupo de médicos e utentes que não aceitam o fecho da maternidade, «em defesa da Saúde Pública».

Entre as testemunhas indicadas pelos autores da providência cautelar está o antigo ministro da Saúde, Correia de Campos, e o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva. Já o Ministério da Saúde pede que sejam ouvidos, entre outros, o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Cunha Ribeiro, e o coordenador do Plano Nacional de Saúde, Rui Fernandes. Segundo o SOL apurou, as sessões irão decorrer nos dias 25 e 27 deste mês. E as partes acreditam que a decisão da juíza «será rápida».

Apesar de estar a decorrer a acção, o Ministério da Saúde garante que o processo de fecho continua em curso, prevendo-se o encerramento definitivo antes do Verão. Segundo fonte da tutela, o Governo apresentou ao tribunal uma resolução fundamentada – que foi aceite –, para permitir que, enquanto se discute a providência cautelar, não seja interrompido o processo de fecho, por estar em causa «o interesse público».

O certo é que o fim definitivo da MAC tem sido adiado. Esteve previsto para Dezembro de 2012, depois para o fim deste mês e agora aponta-se para o início do Verão.
Nos documentos enviados ao Tribunal, o ministro Paulo Macedo e os responsáveis do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) – onde a MAC foi integrada e extinta, em 23 de Fevereiro de 2012 – adiantam que está a ser preparada a transferência da actividade da maternidade para o Hospital Dona Estefânia (HDE) na área de ginecologia/obstetrícia e de neonatologia. E referem ainda que os profissionais e os equipamentos serão reafectados aos vários serviços do CHLC (que inclui ainda os hospitais de S. José, Capuchos, Curry Cabral e S. Marta).

Banco de leite garantido

Aliás, o ministério refere que vai manter a valência de maternidade no Santa Maria e no HDE/S. José, por estarem associadas a faculdades. E informa que as doentes com cancro da mama que eram seguidas na MAC serão encaminhadas para S. José, sendo ainda aqui criado um novo serviço de uro-ginecologia.

Na informação enviada ao Tribunal, a direcção do CHLP revela que «a manutenção do banco de leite humano encontra-se garantida, tendo já estrutura física e organizacional no HDE».

Para sustentar a decisão política, a tutela sublinha que nas unidades polivalentes da região da grande Lisboa há uma capacidade instalada para 28 mil partos, (sem considerar a MAC), mas que no ano passado apenas foram feitos 15 mil, havendo assim uma capacidade não utilizada de 13 mil partos. Mesmo com o fecho da MAC, alega-se, continuará a existir uma capacidade não instalada de 7.500.

Por outro lado, o Ministério da Saúde avisa que o encerramento da maternidade está integrado na reorganização da rede hospitalar, que é «um compromisso assumido com a troika». O Governo vai mais longe e garante que manter a MAC aberta não permite controlar a despesa nem gerar poupanças, numa clara «violação do Memorando de Entendimento». 

Segundo as contas feitas, o fecho da MAC permite poupar 10 milhões de euros, enquanto mantê-la em funcionamento implicaria «um investimento imediato de um milhão de euros».


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