O social-democrata António Capucho considerou
sexta-feira que o Governo chefiado por Passos Coelho é o "campeão do
combate ao poder local" e espera que o PSD inicie em breve o processo de
auto-regeneração.
"Depois do 25 de Abril, eu julgava que [o
ex-primeiro-ministro socialista] José Sócrates era o campeão do combate ao
poder local e neste momento é o doutor Relvas [ministro Adjunto e dos Assuntos
Parlamentares], o doutor Passos Coelho, e este Governo.
Os presidentes de
câmara têm-me dito as coisas mais horríveis sobre a produção legislativa de
Miguel Relvas a propósito das autarquias. Há uma revolta nítida", afirmou
Capucho.
O
antigo conselheiro de Estado enumerou a lei das atribuições e competências, a
"famigerada" lei da reorganização das freguesias e a lei das finanças
locais como "disparates" da legislatura de Passos Coelho e de Miguel
Relvas.
O
social-democrata falava aos jornalistas no final de um jantar em Sintra, de
apoio à candidatura independente de Marco Almeida à presidência desse
município.
António
Capucho afirmou estar "muito preocupado com o futuro do PSD",
adiantando confiar na capacidade de auto-regeneração do partido a partir das
bases que, espera, possa acontecer em breve.
"Eu
tenho a expectativa de que a partir de uma próxima situação haja um movimento
‘basista’ no sentido da regeneração do partido. Estou a falar [quando
acontecer] no corte dos 4000 milhões, estou a falar no próximo exame da
‘troika’, na execução orçamental ao fim do primeiro trimestre e depois nas eleições
autárquicas, que só podem correr mal ao PSD", afirmou.
António Capucho criticou a acção governativa de Passos Coelho,
nomeadamente pela "aposta na austeridade", por considerar que tem
"efeitos perversos", acrescentando estar em "sintonia" com
a contestação ao Governo.
"Não
se pode fazer isto em dose brutal porque tem efeitos perversos. Há menos
receita, a dívida cresce e o desemprego dispara de uma forma desalmada. Estou
perfeitamente sintonizado com a crítica daqueles que entendem que a austeridade
demonstrou ser um erro", afirmou.
O
ex-presidente da Câmara de Cascais considerou "absurda a manutenção"
da composição actual do Governo, nomeadamente a continuidade de Miguel Relvas
como ministro, e a existência de um ministério da Agricultura e do Ambiente
que, considera, "é um gigante que devia ser partido ao meio".
N. M.
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