Que se leve tempo para reflectir e para perspectivar
estes e outros princípios sociais, e as leis votadas a par da realidade, pela
troika ou pelo ministro das Finanças, os portugueses – e sobretudo os já poucos
funcionários públicos – vêem-se cada vez mais à nora, sempre suspensos em novos
cortes salariais que deveriam merecer o total repúdio por todos aqueles que
exercem as suas funções no sector estatal.
Serão eles os escravos sociais, que devem pagar pelos
roubos cometidos em bancos e em outros locais, como por exemplo a prática da
tremenda corrupção que se amplia a cada dia que passa em Portugal.
Os excluídos do saber e da cultura, os que deles são
privados, terão as mesmas oportunidades que os letrados para circularem no
labirinto dos conhecimentos? Os soldados nas casernas, aqueles que ainda há
pouco foram recrutados, disporão dos direitos que podem usufruir fora do
recinto das casernas?
Os pobres estarão em pé de igualdade com os ricos? Esses
indignados que ganham acima de 70 mil euros mensais e que exerceram em bancos
enquanto usuravam os funcionários?
Também aqui faço a pergunta: “as mulheres? Estarão elas
em pé de igualdade com os homens?” É inútil ir mais longe, desenvolver o tema
pois, hoje, mais que nunca, a diversidade é contrariada em proveito da
celebração destinada unicamente àqueles que tiveram a sorte de estarem em
conformidade com as categorias desejadas, acarinhadas e protegidas pelo senhor
Gaspar e pelo senhor Pedro, e que fazem
o bom cidadão, portador do cartão dos partidos que formam a maioria
governativa.
Em que pé se encontram as crianças, os doentes mentais,
os incuráveis, os sem-abrigo, os desempregados, os operários, os proletários,
em matéria de igualdade, de dignidade, de direito puro e simples à existência,
ao reconhecimento?
Os direitos do homem e a Constituição para os que têm
fome e dormem ao relento como cães são meras frivolidades.
Aos olhos de quem conhece a miséria, a procura de um
emprego, de quem esmola o trabalho ou aquilo que lhe possa assegurar os fins de
mês, os decretos, as leis e as declarações de princípio são meras ninharias, e
o ministro das finanças um simples “joguete” nas mãos desses troikanos que o
mandam causticar sempre mais aqueles que mais nada podem dar de seu, sem que
coloque em perigo a própria sobrevivência.
Um dia, será demasiado tarde para arrepiar o caminho mal
andado, mal percorrido!
Aí, o povo e a “sua Grândola” será implacável!
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