Alguém duvidará que os portugueses se sentem desprezados, maltratados,
espoliados pelo actual governo?
A inteligência parece ter fugido àqueles que ocupam cargos de poder,
como o presidente da República, que de certo modo já faz lembrar o antigo e
salazarista Américo Tomaz, que só ia a inaugurações, e daí ser chamado por
todos “o corta-fitas”.
É evidente que depois de ter cortado a fita, proferia um discurso, que
lhe preparavam e que começava sempre por: “Excelentíssimas autoridades civis,
religiosas e militares; é com o maior prazer que eu e minha mulher, nos
deslocamos a esta ridente localidade, para mais uma inauguração do Estado Novo,
que assim demonstra que não se poupa a esforços para melhorar a qualidade de
vida das populações…”
E, continuava a sua dissertação, com a sua voz cansada e pausadamente,
e, se de entre os populares que de certo modo eram obrigados a deslocar-se ao
local da inauguração, por vezes com pequenas bandeiras portuguesas na mão, que
lhes distrinbuiam à chegada, ousava sequer tossir ou pigarrear, podia ter a
certeza de que no fim da “festa” deveria prestar explicações aos pides que lá
estavam.
A isso e a outras coisas se foram habituando os nossos “mui briosos
políticos”, e hoje estranham, estranham muito, que os «”estúpidos cidadãos”»
entoem a “Grândola Vila Morena” e tratem de “gatunos, ladrões e outras meiguices
bem fundamentadas” àqueles que tentam imitar quer o velho ditador quer mesmo o
ultrapassem no que respeita à austeridade e a pisar a cidadania nacional,
exigindo-lhe o que não devem, enquanto continuam a distribuir pelos apaniguados
e amigos o que por direito pertence ao povo.
Estranham também que o povo em geral clame bem alto a palavra “demissão”,
referindo-se aos actuais governantes e até ao presidente da República, devido a
sentir-se desprezado e roubado por políticos que já demonstraram á exaustão
serem incapazes, incompetentes e estarem a conduzir o país e seu povo ao mais
profundo abismo existente à superfície da Terra.
O curioso é que, no meio de tanta desgraça junta, ou o senhor Silva
mantém o mais profundo silêncio, mas promulgando leis feridas de
inconstitucionalidade, e logo solicita um exame feito pelo Tribunal
Constitucional – que parece andar a brincar com o que se lhe exige – ou então
se remete ao mais profundo e prolongado silêncio, vindo mais tarde afirmar que
tem muita experiência e sabe o que mais convém à imagem do presidente da
República, nada se preocupando com o que mais convém aos portugueses, não sendo
certamente o tremendo desemprego e a terrível taxação feita e posta em prática
pelo actual governo.
Como ministro das finanças, como aliás todos os ministros, um
tecnocrata que se fez numa União Europeia também repleta de tecnocratas,
tendo-se habituado a seguir cegamente os ditames da Goldman Sachs e outros,
mesmo sabendo que com os seus actos lesa gravemente os cidadãos, causando
sempre mais desemprego, mas com amigos que, de fora, afirmam que os portugueses
aguentam tudo e mais alguma coisa, outro que afirma que sem salários baixos não
há emprego para ninguém, e outro ainda que afirma que se deveria baixar aos
salários, a começar pelo salário mínimo nacional.
Nos sectores sociais, como a saúde, aumentam-se as taxas moderadoras,
aumentam-se as listas de espera para internamento e tratamento – cirúrgico ou médico – nos hospitais públicos (EPEs),
enquanto as seguradoras engordam à custa dos seguros de saúde, que por sua vez
engordam os donos dos hospitais da CUF e outros, ao mesmo tempo que se
marginalizam os cidadãos de menores recursos e se coloca em causa as próprias
IPSS vocacionadas para lidarem e ajudarem os mais pobres.
Quanto à dívida externa, sabem perfeitamente que tudo teve início há
anos, quando o senhor Silva era ainda primeiro-ministro, e também no caso de
BPN e do BPP houve quem obtivesse lucros obscenos a que hoje chamam “poupanças”.
Também os militares estão em jogo. E o ministro da Defesa está na
corda-bamba devido aos protestos das hierarquias militares, não esquecendo as
forças de segurança a quem tentam dar uns “rebuçados” sob a forma de novos
carros que atingirão uma soma de 12 milhões de euros, esquecendo-se dos tempos
de crise que vivemos.
Depois, uns palhaços – com todo o respeito que tenho e sinto por esses
que tentam fazer-nos rir com as suas piadas – afirmam e fazem sentir ao povo
que a crise é mesmo muito grave e que aumentar o salário mínimo em 15 euros/mês
é impossível nas actuais circunstâncias económicas e financeiras, mantendo
recheados os ministérios de boys a que chamam “assessores”.
Sem dúvida alguma que Portugal, com o actual governo, bateu bem lá no
fundo e que, pelo caminho que tomaram e que era dever do presidente da
República ver e tomar as medidas, como as propostas pelos manifestantes nas
ruas, desloca-se a Famalicão para mais uma inauguração. Sendo por tais motivos
que Portugal se encontra muito doente!!!!
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