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quinta-feira, 21 de março de 2013

«A INCOMPETÊNCIA E O DESPREZO PELOS PORTUGUESES»


Alguém duvidará que os portugueses se sentem desprezados, maltratados, espoliados pelo actual governo?

A inteligência parece ter fugido àqueles que ocupam cargos de poder, como o presidente da República, que de certo modo já faz lembrar o antigo e salazarista Américo Tomaz, que só ia a inaugurações, e daí ser chamado por todos “o corta-fitas”.

É evidente que depois de ter cortado a fita, proferia um discurso, que lhe preparavam e que começava sempre por: “Excelentíssimas autoridades civis, religiosas e militares; é com o maior prazer que eu e minha mulher, nos deslocamos a esta ridente localidade, para mais uma inauguração do Estado Novo, que assim demonstra que não se poupa a esforços para melhorar a qualidade de vida das populações…”

E, continuava a sua dissertação, com a sua voz cansada e pausadamente, e, se de entre os populares que de certo modo eram obrigados a deslocar-se ao local da inauguração, por vezes com pequenas bandeiras portuguesas na mão, que lhes distrinbuiam à chegada, ousava sequer tossir ou pigarrear, podia ter a certeza de que no fim da “festa” deveria prestar explicações aos pides que lá estavam.

A isso e a outras coisas se foram habituando os nossos “mui briosos políticos”, e hoje estranham, estranham muito, que os «”estúpidos cidadãos”» entoem a “Grândola Vila Morena” e tratem de “gatunos, ladrões e outras meiguices bem fundamentadas” àqueles que tentam imitar quer o velho ditador quer mesmo o ultrapassem no que respeita à austeridade e a pisar a cidadania nacional, exigindo-lhe o que não devem, enquanto continuam a distribuir pelos apaniguados e amigos o que por direito pertence ao povo.

Estranham também que o povo em geral clame bem alto a palavra “demissão”, referindo-se aos actuais governantes e até ao presidente da República, devido a sentir-se desprezado e roubado por políticos que já demonstraram á exaustão serem incapazes, incompetentes e estarem a conduzir o país e seu povo ao mais profundo abismo existente à superfície da Terra.

O curioso é que, no meio de tanta desgraça junta, ou o senhor Silva mantém o mais profundo silêncio, mas promulgando leis feridas de inconstitucionalidade, e logo solicita um exame feito pelo Tribunal Constitucional – que parece andar a brincar com o que se lhe exige – ou então se remete ao mais profundo e prolongado silêncio, vindo mais tarde afirmar que tem muita experiência e sabe o que mais convém à imagem do presidente da República, nada se preocupando com o que mais convém aos portugueses, não sendo certamente o tremendo desemprego e a terrível taxação feita e posta em prática pelo actual governo.

Como ministro das finanças, como aliás todos os ministros, um tecnocrata que se fez numa União Europeia também repleta de tecnocratas, tendo-se habituado a seguir cegamente os ditames da Goldman Sachs e outros, mesmo sabendo que com os seus actos lesa gravemente os cidadãos, causando sempre mais desemprego, mas com amigos que, de fora, afirmam que os portugueses aguentam tudo e mais alguma coisa, outro que afirma que sem salários baixos não há emprego para ninguém, e outro ainda que afirma que se deveria baixar aos salários, a começar pelo salário mínimo nacional.

Nos sectores sociais, como a saúde, aumentam-se as taxas moderadoras, aumentam-se as listas de espera para internamento e tratamento – cirúrgico  ou médico – nos hospitais públicos (EPEs), enquanto as seguradoras engordam à custa dos seguros de saúde, que por sua vez engordam os donos dos hospitais da CUF e outros, ao mesmo tempo que se marginalizam os cidadãos de menores recursos e se coloca em causa as próprias IPSS vocacionadas para lidarem e ajudarem os mais pobres.

Quanto à dívida externa, sabem perfeitamente que tudo teve início há anos, quando o senhor Silva era ainda primeiro-ministro, e também no caso de BPN e do BPP houve quem obtivesse lucros obscenos a que hoje chamam “poupanças”.

Também os militares estão em jogo. E o ministro da Defesa está na corda-bamba devido aos protestos das hierarquias militares, não esquecendo as forças de segurança a quem tentam dar uns “rebuçados” sob a forma de novos carros que atingirão uma soma de 12 milhões de euros, esquecendo-se dos tempos de crise que vivemos.

Depois, uns palhaços – com todo o respeito que tenho e sinto por esses que tentam fazer-nos rir com as suas piadas – afirmam e fazem sentir ao povo que a crise é mesmo muito grave e que aumentar o salário mínimo em 15 euros/mês é impossível nas actuais circunstâncias económicas e financeiras, mantendo recheados os ministérios de boys a que chamam “assessores”.

Sem dúvida alguma que Portugal, com o actual governo, bateu bem lá no fundo e que, pelo caminho que tomaram e que era dever do presidente da República ver e tomar as medidas, como as propostas pelos manifestantes nas ruas, desloca-se a Famalicão para mais uma inauguração. Sendo por tais motivos que Portugal se encontra muito doente!!!!

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