Estará o senhor cego, surdo e mudo a tudo
quanto se passa em Portugal? Não erá o senhor como está a ser tratado,
atormentado o nobre povo português?
De que pode estar à espera para agir, de modo
a que acabe o sofrimento imposto aos cidadãos e cidadãs pelo actual governo?
Já se não recorda do juramento que fez em
defender o bem-estar dos portugueses e o pleno respeito pela Constituição do
país?
Não vê, será que não vê a falta de respeito –
e não falo da consideração que lhe é devida como seres humanos – demonstrada pelo
actual governo ao povo português, esse eterno sacrificado pelos erros cometidos
por outros que não ele?
O senhor fala, fala e volta a falar, e que
diz? Nada, pretendendo todavia dar a entender que diz muito. Mas, tudo quanto
diz não causa os resultados que deveriam impor-se, quando fala, geralmente após
prolongados silêncios que ninguém percebe, vindo depois dizer que deve saber
calar-se e deixar correr…
Isso, até poderia compreender-se se os
portugueses pudessem manter os seus empregos, uma vida normal, viver em paz e
harmonia entre si e consigo próprios, o que não é o caso, o que raramente
aconteceu e que hoje, passados 39 anos da Revolução dos Cravos, em 25 de Abril
de 1974.
Sei que esse generoso e glorioso acto dos
valorosos capitães não foi nem é do agrado de todos os políticos e de alguns
cidadãos, que pactuaram sempre com a ditadura e se sentem perdidos sem ela, mas
sei também que a esmagadora maioria se sentiu feliz por ter visto chegar o fim
da opressão da ditadura salazarista/marcelista.
E ousou pensar que a sua vida melhoraria, não
de forma substancial mas de forma a poder ser considerado pelos políticos que
viessem a escolher, conforme aos seus ideais.
O senhor esteve dez longos anos como líder de um governo, preocupando-se muito com seus amigos, mas nunca com o nobre e bom povo português que hoje, em forma de gozo descarado, chamam de “melhor povo do mundo”.
Mas, ao mesmo tempo, continuam a martirizá-lo
com despedimentos, salários abaixo do limiar da dignidade humana, e que faz o
senhor? Absolutamente nada, a não ser manter o mais profundo silêncio após uma
fugaz aparição em público em Trás-os-Montes, mas sem coragem para enfrentar o
povo, a quem tentou escapar-se, não o conseguindo.
E nem se preocupa quando vê toda a miséria
que vai grassando no país, devido às péssimas políticas, como também nada diz e
nada faz em relação a todos os cortes salariais e de subsídios para pagar uma
dívida que não foi, com certeza, o povo a causá-la.
Possivelmente saberá quem ganhou milhões com
a distribuição das verbas dispensadas por Bruxelas, quem enriqueceu com a
mudança de moeda e com os sucessivos impostos a que obrigam os portugueses.
Sabe de tudo, mas prefere calar-se, não ouvir
o que se diz e passa nas ruas de Portugal, preferindo dar ouvidos àqueles que
afirmam que “ou salários baixos ou não há emprego para ninguém”, continuando a
enriquecer de forma promíscua e abjecta.
Para além de dever chamar a Belém aqueles que
dizem estar a governar Portugal, fazer-lhes ver os erros que têm cometido e aos
quais não coloca qualquer travão, dedica-se a mandar editar um prefácio acerca
dos seus “roteiros”, que nada dizem ao povo, que em nada o beneficia, e
limitando-se a continuar calado ou a dizer apenas que se deve voltar a
trabalhar na agricultura, depois de ter pago para que se não produzissem os
produtos habituais, assim como a subsidiar para mandar abater os barcos de
pesca e tivessemos de importar quase tudo no respeitante à cadeia alimentar.
Sente-se feliz?
Pois os portugueses não! E sabem ajuizar que
também o senhor tem a sua quota parte de culpa em tudo quanto hoje sofre,
havendo alguns que ainda depositarão certas esperanças numa vida melhor, o que
só conseguirão se se decidir a dissolver a Assembleia da República e a convocar
eleições antecipadas.
Nunca fui optimista no que concerne aos
políticos, pelo que temo que tudo se mantenha como está, até que surja um
movimento conjunto dos militares e do povo que mande de férias prolongadas os
políticos que tanto têm atormentado os portugueses.
Queira passar muito mal, senhor presidente da
República de Portugal!
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