Portugal
está entre os países da Europa onde a resistência aos antibióticos mais tem
aumentado e onde a prevalência de infecções hospitalares é maior. O Governo
lançou um programa nacional prioritário para combater o problema.
Resistência aos antibióticos pode ter
consequências desastrosas, se nada for feito, num prazo de vinte anos
O Governo atribuiu, no passado mês de Fevereiro, o estatuto de
programa nacional prioritário ao combate às infecções e às resistências aos
antibióticos que, desta forma, passa a integrar a lista das (até agora) oito
áreas prioritárias sob a responsabilidade da Direcção-Geral da Saúde.
O despacho do secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde,
Fernando Leal da Costa, passou quase despercebido. O que se pretende é
controlar o fenómeno preocupante do aumento das infecções hospitalares através
de uma melhor monitorização e de acções concretas que disciplinem a utilização
dos antibióticos, nomeadamente através da prescrição feita pelos médicos.
"Há
uma subida preocupante destes níveis e não podemos ficar a assistir sem fazer
nada. Precisamos de acções programáticas eficazes", justifica Francisco
George, director-geral da Saúde. "Estamos confrontados com a iminência de
termos infecções que não podem ser controladas e tratadas por
antibióticos", confirma.
Apesar
disto, Francisco George não subscreve os cenários catastróficos defendidos
recentemente por uma especialista do Reino Unido que comparou esta ameaça ao
terrorismo.
A
influente directora médica no departamento de Saúde do Reino Unido e
conselheira do Governo britânico, Dame Sally Davies, fez um apelo ao Governo
para que inclua as resistências aos antibióticos na lista oficial de ameaças
nacionais da qual constam o terrorismo, uma pandemia de gripe ou o perigo de
inundação da zona costeira.
O
crescente aumento das resistências aos antibióticos é uma
"bomba-relógio" defendeu. E, se nada for feito, a uma escala
internacional, no prazo de vinte anos, uma simples infecção após uma pequena
cirurgia de rotina pode ser fatal. "Não será possível fazer muitos dos
nossos tratamentos para cancro ou transplantes", acrescentou.
As
estimativas mais recentes sobre terrorismo divulgadas pela União Europeia
apontam para um registo de 30 mil vítimas de ataques, entre as quais 10 mil
mortes. As resistências aos antibióticos carregam um fardo bem mais pesado. Se
nos centrarmos apenas nos casos de tuberculose multirresistente reportados,
estamos a falar, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, de mais de 440
mil casos que causam 150 mil mortes. Por ano.
=Público=
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