O antigo ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho faz uma analogia da
situação de Portugal com a que se vivia na Alemanha no final dos anos 20. O
socialista sublinha, num artigo de opinião do Diário de Notícias (DN), o facto
de a popularidade do partido nazi de Hitler ter aumentado ao mesmo tempo que
subia a taxa de desemprego no país. E, para Carrilho, a ‘coincidência’ é
“inquietante”.
Para Manuel Maria Carrilho a comparação com o
caso alemão é “sempre de sublinhar”. No seu artigo de opinião, publicado hoje
no DN, o socialista lembra que os votos dos alemães no partido de Hitler foram
conquistados após a subida galopante do desemprego e do resultado de uma
“década” de austeridade e deflação.
“Em 1928, a Alemanha tinha um milhão de desempregados e o partido
nazi obtinha 2,5% dos votos. Dois anos mais tarde, em 1930, com o desemprego já
nos três milhões, os nazis atingem os 18,3%. E em 1932, quando o desemprego
chega aos seis milhões, Hitler consegue 37,2% dos votos. E poucos meses depois
chega ao poder”, lembra Carrilho, alertando para a situação actual da Europa e
de Portugal.
O
antigo ministro considera que analogia entre os dois países é cada vez mais
“inquietante” e alerta que o que se está a passar no Chipre, com impostos sobre
as poupanças “assusta”.
Apesar
de reconhecer “um sério problema de impunidade financista” do pequeno país ao
sul da Turquia, Carrilho não concorda com a solução apresentada pelo governo
cipriota e pela troika.
A
questão “não pode ser resolvida poupando mais uma vez os especuladores e caindo
em cima das poupanças dos cidadãos, impondo-lhes taxas que aparecem como uma
inequívoca forma de extorsão”, defende Carrilho, acrescentando que se trata de
“uma machadada” que se arrisca a ser “irreparável.
O
alarme, na opinião do socialista, não é só para a confiança no sistema bancária
mas também nas instituições europeias. “Mas parece que, também aqui, a atracção
pelo muro é muito forte”, sublinha o antigo governante.
N. M.
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