O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse
hoje que uma intervenção militar na Síria deverá "na medida do
possível" decorrer com um mandato das Nações Unidas, numa altura em que os
Estados Unidos ponderam uma ação militar no país.
"Embora se compreenda a necessidade de sancionar
uma prática que viola flagrantemente o direito internacional, parece-nos que
isso deverá, na medida do possível, ser feito na base de um mandato conferido
por uma organização internacional, o que é desejável é que seja a ONU e que o
Conselho de Segurança funcione", disse Rui Machete.
O MNE português falava aos jornalistas durante uma
conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo angolano, Georges Chicoti,
que se encontra em visita oficial a Portugal até quarta-feira.
Rui Machete adiantou que apesar de a investigação dos
inspetores das Nações Unidas (ONU) não estar ainda concluída, "restam
poucas dúvidas" sobre o uso de armas químicas num conflito que dura há
mais de dois anos e fez já mais de 110 mil mortos, segundo dados da ONU.
"Aguardamos os desenvolvimentos. No campo
internacional registaram-se posições extremamente cautelosas, incluindo dos
Estados Unidos da América.
Nós estamos a seguir a situação de modo preocupado,
visto que estas matérias têm consequências para a paz, para os povos
envolvidos, e económicas e políticas que é muito difícil antecipar neste
momento com rigor", disse.
"Preferimos claramente que obedeça [a intervenção
militar] ao mandato de um organismo internacional e aos princípios da
proporcionalidade e dos objetivos limitados", sublinhou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola
mostrou-se igualmente preocupado e desfavorável a uma intervenção militar na
Síria.
"Queremos esperar que não haja guerra e que todos
os países observem as declarações do secretário-geral das Nações Unidas de que
não houvesse intervenção militar neste país. Esperamos que assim seja",
disse George Chicoti.
Angola está a concorrer a um lugar não permanente no
Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2015/2017, tendo já garantidos,
segundo o MNE angolano, os votos da maioria dos países e das organizações
africanas.
Georges Chicoti recebeu também hoje a garantia do seu
homólogo português de que Portugal apoiará a candidatura angolana.
Este foi um dos assuntos em destaque no encontro entre
Rui Machete e Georges Chicoti, que enfatizaram na conferência de imprensa a
"densidade" do relacionamento entre os dois países.
Em análise esteve ainda a instituição de cimeiras de
chefes de Governo bienais entre os dois países, estando a primeira a ser
preparada para finais de outubro em Luanda.
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