Anda afanosamente o governo a tentar
mentalizar os ainda funcionários
públicos a rescindir “amigavelmente” os seus contratos de trabalho com os
serviços empresariais do Estado, alegando tratar-se da única maneira de
economizar as finanças públicas.
Curiosamente insiste sobretudo, ou apenas,
com os ex-Auxiliares de Acção Médica, de apoio e vigilância e outros similares
em questões de serviço prestado, abrangendo hospitais, escolas, a segurança social..,
todos os serviços públicos, mas também os ex-administrativos, actualmente “Operadores
Técnicos”, que tinham a seu cargo toda a burocracia, informática,
contabilística e até contactos com o exterior, e também curiosamente, não
pensam rescindir com médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros, que
deverão manter-se ao serviço.
Vejamos o que se irá passar nos hospitais,
por exemplo, onde a vida não é nada
fácil. Apesar de existirem médicos a mais nos quadros, digam o que disserem, e
estarem apenas mal distribuídos, pensam apenas – e aí devemos concordar – impor
a exclusividade quer nos serviços públicos quer nos privados, evitando assim
uma certa promiscuidade que tem vindo a acontecer.
Tudo não passa de uma ilusão, até porque deve
existir toda a higiene nos serviços, e pelo facto de rescindirem os contratos,
deverão ser contratados novos e novas funcionárias, certamente através de
empresas privadas que, a troco de um salário na base do mínimo, mas cobrando
mais ao ministério, rapidamente florescerão. Para já prepara-se o campo…
O mesmo acontecerá com o pessoal
administrativo, uma vez que alguém terá de fazer o serviço para que hospitais e demais serviços de
saúde, ou outros de que me abstenho de falar, o que dará cada vez mais riqueza
às empresas especializadas na colocação de pessoal capaz.
Como é evidente, tudo será feito entre
amigos, e por cada pessoa que faça o serviço, de limpeza e higiene, de
motorista, de instalações e equipamentos, de transporte das refeições até aos
serviços de internamento, o transporte
dos medicamentos em função da unidose, o Estado pagará um salário, por
intermédio da empresa, que, como se torna evidente, amealhará em média per
capita à volta de 50%, ou mesmo mais.
Ou seja, uns trabalharão, outros
enriquecerão! Os serviços correrão o risco de perda do segredo profissional, e
também os enfermeiros serão contratados do mesmo modo, fazendo com que vençam
salários de cerca de 3,5 euros hora, quando quem quiser uma mulher a dias, com
todo o respeito, ganha no mínimo 5 euros/hora.
Lenta e progressivamente, acontecerá a
mesmíssima coisa com médicos e outros técnicos específicos, tais como
psicólogos e outros especialistas, chegando-se à única conclusão possível: sob
a capa misericordiosa de que era imperioso cortar na despesa de Estado, passa a
gastar-se mais, só que contribuindo para o enriquecimento desses “empresários”.
Que ninguém se convença do contrário, pois
será isto, precisamente, o que irá acontecer dentro em breve, com a agravante
de que, de modo algum aqueles que
rescindirem poderão conseguir emprego nessas empresas, “até porque sabem demais”.
E, feitas as contas, o Estado gastará muito
mais e o serviço será feito de modo a que surgirão queixas de todos os lados,
uma vez que ninguém será responsabilizado, podendo, no entanto e para calar
umas bocas, transferir de um para outro lado um ou outro funcionário/a.
E cada vez aumentará mais e mais o desemprego
em Portugal e poderá dizer-se adeus ao Estado Social.
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