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terça-feira, 10 de setembro de 2013

«AS RESCISÕES AMIGÁVEIS..!?! NO SECTOR DO ESTADO»

Anda afanosamente o governo a tentar mentalizar  os ainda funcionários públicos a rescindir “amigavelmente” os seus contratos de trabalho com os serviços empresariais do Estado, alegando tratar-se da única maneira de economizar as finanças públicas.

Curiosamente insiste sobretudo, ou apenas, com os ex-Auxiliares de Acção Médica, de apoio e vigilância e outros similares em questões de serviço prestado, abrangendo hospitais, escolas, a segurança social.., todos os serviços públicos, mas também os ex-administrativos, actualmente “Operadores Técnicos”, que tinham a seu cargo toda a burocracia, informática, contabilística e até contactos com o exterior, e também curiosamente, não pensam rescindir com médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros, que deverão manter-se ao serviço.

Vejamos o que se irá passar nos hospitais, por exemplo,  onde a vida não é nada fácil. Apesar de existirem médicos a mais nos quadros, digam o que disserem, e estarem apenas mal distribuídos, pensam apenas – e aí devemos concordar – impor a exclusividade quer nos serviços públicos quer nos privados, evitando assim uma certa promiscuidade que tem vindo a acontecer.

Tudo não passa de uma ilusão, até porque deve existir toda a higiene nos serviços, e pelo facto de rescindirem os contratos, deverão ser contratados novos e novas funcionárias, certamente através de empresas privadas que, a troco de um salário na base do mínimo, mas cobrando mais ao ministério, rapidamente florescerão. Para já prepara-se o campo…

O mesmo acontecerá com o pessoal administrativo, uma vez que alguém terá de fazer o serviço  para que hospitais e demais serviços de saúde, ou outros de que me abstenho de falar, o que dará cada vez mais riqueza às empresas especializadas na colocação de pessoal capaz.

Como é evidente, tudo será feito entre amigos, e por cada pessoa que faça o serviço, de limpeza e higiene, de motorista, de instalações e equipamentos, de transporte das refeições até aos serviços de internamento,  o transporte dos medicamentos em função da unidose, o Estado pagará um salário, por intermédio da empresa, que, como se torna evidente, amealhará em média per capita à volta de 50%, ou mesmo mais.

Ou seja, uns trabalharão, outros enriquecerão! Os serviços correrão o risco de perda do segredo profissional, e também os enfermeiros serão contratados do mesmo modo, fazendo com que vençam salários de cerca de 3,5 euros hora, quando quem quiser uma mulher a dias, com todo o respeito, ganha no mínimo 5 euros/hora.

Lenta e progressivamente, acontecerá a mesmíssima coisa com médicos e outros técnicos específicos, tais como psicólogos e outros especialistas, chegando-se à única conclusão possível: sob a capa misericordiosa de que era imperioso cortar na despesa de Estado, passa a gastar-se mais, só que contribuindo para o enriquecimento desses “empresários”.

Que ninguém se convença do contrário, pois será isto, precisamente, o que irá acontecer dentro em breve, com a agravante de que,  de modo algum aqueles que rescindirem poderão conseguir emprego nessas empresas, “até porque sabem demais”.

E, feitas as contas, o Estado gastará muito mais e o serviço será feito de modo a que surgirão queixas de todos os lados, uma vez que ninguém será responsabilizado, podendo, no entanto e para calar umas bocas, transferir de um para outro lado um ou outro funcionário/a.

E cada vez aumentará mais e mais o desemprego em Portugal e poderá dizer-se adeus ao Estado Social.



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