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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

«CONSTITUINTE E LEGISLATIVA»

Em conjunto, realizaram a descentralização para que as pessoas da província desfrutassem das mesmas oportunidades que os da capital e grandes cidades perante o saber, as riquezas e perante a lei.

Foi decretada a elegibilidade para todos, a fim de que os menos cultos (!!!), os cristãos, os protestantes, os brancos e os negros, os proprietários ou os desprovidos, pudessem aceder do mesmo modo às funções representativas

Votaram leis permitindo a todos o livre acesso às obras de arte, a sua exposição em museus nacionais criados para esse efeito, de modo a que a cultura deixasse de ser um instrumento de reprodução social e se tornasse uma possibilidade de se elevar e uma promessa de felicidade.

Decidiram que os soldados pudessem inscrever-se nos clubes políticos, abrindo, dessa maneira, a porta da cidadania aos homens de armas.

Aboliram a distinção entre cidadão activo e cidadão passivo para que os pobres pudessem, tal como os ricos, ter um assento na Assembleia da república.

Legalizaram o divórcio e simplificaram o casamento e a adopção, no intuito de permitir às mulheres uma autonomia que as dispensasse de uma submissão definitiva a seus maridos.

Foram criadas as instituições de soberania, dando a “independência” aos tribunais!

Que se leve tempo para reflectir e para perspectivar estes princípios emitidos e estas leis votadas a par da realidade, tal como ela é, quarenta anos mais tarde, no território nacional, constata-se quanto uma mística de esquerda parece, mais que nunca, necessária para manifestar a permanência de ideais, princípios e virtudes postas a dormir, quando não, pura e simplesmente, achincalhadas.

As pessoas estão em pé de igualdade e de equidade? Não! Porquê? Porque o actual governo, como antes outros, assim entendem, cortando as oportunidades dos mais pobres e dos menos classificados à manutenção do trabalho, o que se está a alargar também aos licenciados não filiados nos clubes dominantes da política nacional.

Também se mantêm as diferenças entre homens e mulheres, salariais e sociais e profissionais, como também no acesso à riqueza, ao saber, à cultura, aos serviços.

Porquê? Porque assim se torna necessário, como o era na ditadura, manter o povo no obscurantismo, na pobreza, no desemprego, fora da saúde e do acesso aos medicamentos demasiado caros, demasiadas caras também as supostas tachas moderadoras.

Serão as pessoas de cor, que não sejam bons praticantes de qualquer modalidade desportiva, como os brancos, em toda a parte, em todas as circunstâncias e ocasiões?

Os excluídos do saber e da cultura, os que deles estão privados, terão as mesmas oportunidades que os letrados para circularem no labirinto dos conhecimentos?

Os soldados nas casernas, aqueles que ainda há pouco foram recrutados, disporão dos direitos que podem usufruir fora do recinto das casernas? Os pobres estarão em pé de igualdade com os ricos? E as mulheres e os homens?

É inútil ir mais longe, pois, hoje, mais que nunca, a diversidade com as categorias colocadas e que fazem o bom cidadão; branco, português de boa cepa (rico) homem, católico ou supostamente católico, filho de capitalistas ou de políticos do passado.

Quem poderá dizer o que pode representar em Portugal a mulata, a negra, tisnada, de origem africana, pouco letrada e pobre?


Quem poderá dizer o que representam os tribunais, todos eles, mesmo o Constitucional, se o primeiro-ministro passa a vida a denegri-lo e às suas tomadas de posição imparciais?

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