Maria Luís
Albuquerque sempre afirmou que não autorizou este tipo de derivados enquanto
esteve no IGCP.
Ministra
será chamada pela terceira vez ao Parlamento em Outubro
Uma auditoria interna à Direcção-Geral do Tesouro (DGTF), pedida
pela ministra das Finanças, mostra que o organismo considera que a ministra
aprovou um swap da Estradas de Portugal enquanto
técnica da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).
Como
noticiou nesta quinta-feira o Diário de Notícias, esta
interpretação da DGTF contrasta com a posição de Maria Luís Albuquerque, que
defende que se limitou a aprovar o financiamento e não o derivado de cobertura
de taxa de juro que lhe estava associado.
Na auditoria, a que o PÚBLICO teve
acesso, a DGTF escreve que a Estradas de Portugal “comunicou as condições da
operação contratada, previamente à sua concretização (…), tendo a mesma sido
autorizada conforme parecer favorável do IGCP”.
Assim, ao contrário do que alega Maria Luís Albuquerque, este organismo entende que a autorização dada ao financiamento contraído junto do Deutsche Bank também englobava o swap (já que este produto era uma das condições inerentes à obtenção do empréstimo).
Recorde-se que, no parecer dado
pela ministra a 4 de Junho de 2010, Maria Luís Albuquerque refere que, na
proposta da Estradas de Portugal, “não eram indicados quaisquer detalhes da
natureza do swap”, não se sabendo sequer
“se a operação é a taxa fixa ou variável”.
A ministra explicava ainda neste
parecer que tentou contactar telefonicamente a directora financeira da empresa,
mas que foi “informada de que o swap a contratar associado à
operação em apreço não [tinha] ainda os seus termos finalizados”.
A polémica instalou-se esta semana
pelo facto de o ex-presidente da Estradas de Portugal ter afirmado, numa
audição na comissão parlamentar de inquérito aos swaps,
que Maria Luís Albuquerque tinha aprovado um derivado subscrito pela empresa em
2010.
No dia seguinte, e já depois de a
oposição se juntar para exigir a demissão da ministra, o Ministério das
Finanças veio esclarecer que a aprovação tinha sido dada ao financiamento e não
ao swap. Acontece que um estava relacionado com o
outro.
O caso ganhou contornos políticos
pelo facto de Maria Luís Albuquerque sempre ter garantido que esteve afastada
deste tema enquanto
trabalhou no IGCP (entre 2007 e 2011). “Enquanto estive no IGCP, não tive
qualquer contacto com swaps,
nem do IGCP nem de natureza nenhuma”, referiu numa primeira audição na
Assembleia da República, a 25 de Junho.
Mais tarde, a 30 de Julho, a
ministra reiterou: “Estive afastada desse tema durante os anos em que estive no
IGCP, porque enquanto estive no IGCP não era minha responsabilidade tratar de
temas relacionados com swaps.”
Na sequência deste caso, Maria
Luís Albuquerque será chamada pela terceira vez à comissão parlamentar de
inquérito. Todos os partidos concordaram no regresso da ministra para Outubro,
não havendo ainda, porém, uma data agendada para a audição.
=Público=
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