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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

«CASOS DE E COPROFAGIA»

Se Hegel, Marx e Freud representam, na sua história das ciências humanas, os grandes marcos de um estruturalismo genético simultaneamente compreensivo e explicativo, nem por isso é, entretanto, menos certo que, na época em que a sua obra foi elaborada, o lado estruturalista e compreensivo do seu método foi suficientemente pouco notado, tanto por eles próprios como sobretudo pela ciência oficial.

A perspectiva da explicação causal não compreensiva dominava a tal ponto o pensamento científico que se viu no marxismo sobretudo uma explicação pelos factores económicos e na psicanálise uma explicação da líbido.

Um dos aspectos mais importantes da contribuição destes pensadores permanecia inteiramente na sombra e, curiosamente, só foi traduzido à luz mais tarde e independentemente deles por um pensador cujas descobertas lhe asseguraram umm renome considerável, embora as suas análises estejam elaboradas a um tal nível de diletantismo e de “cultura geral” que me parecem inteiramente inutilizáveis do ponto de vista da investigação positiva: Dilthey, frequentemente visto como aquele que introduziu a ideia de compreensão em ciências humanas e históricas: este mal-entendido deve-se provavelmente ao facto de ter insistido longamente no conceito metodológico de compreensão, enquanto Hegel, Marx e Freud, que há muito o tinham magistralmente utilizado, quase nunca tinham falado dele.

A tomada de consciência metodológica da ligação entre os conceitos de compreensão e os de estrutura, parece ser devida, numa grande parte medida ao desenvolvimento da fenomenologia e, estreitamente ligadas a ela, ao das posições estruturalistas não genéticas em psicologia e em ciências sociais, em primeiro lugar, claro está, ao da psicologia da Gestalt.

Finalmente, é nesta situação e neste contexto que têm de mencionar-se os dois pensadores contemporâneos que, um nas ciências humanas e outro em psicologia, introduziram com clareza metodológica excepcional o conceito de estrutura genética, empregando-o ao mesmo tempo, de modo positivo, em investigações concretas cuja importância seria impossível sobrestimar. 

Seria impossível de analisar aqui as obras concretas de Jean Piaget e de George Lukács, cada uma das quais podia ser objecto de todo um congresso.

Gostaria apenas de notar que o encontro entre as suas posições metodológicas e as de Marx parecem constituir um argumento de peso contra a acusação, tão frequente dirigida ao marxismo, de se fundar em princípios a priori.

Pois hoje, apesar de se fazerem anunciar socialistas e derivados, preferem designar-se “socialistas democráticos”, nada influenciados por Marx, que reencontrou, empiricamente na investigação todas as posições fundamentais das ciências sociais.

Pessoalmente, penso que um estruturalismo genético supõe uma síntese entre os juízos de facto e os juízos de valor, entre a compreensão e a explicação, entre o determinismo e o finalismo.


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