A jovem mulher sofria de dores de cabeça
intoleráveis, seguidas de estados de inconsciência. Mas só procurou auxílio
quando se apercebeu de que tinha tentado estrangular a filha. Assim veio à luz
um dos mais famosos casos de personalidade múltipla.
Um dia, no início da terapia, o médico ficou
espantado quando, perante os seus olhos, “Eva Branco”, a sua doente modesta e
apagada, se tornou subitamente noutra pessoa.
Ela fechou os olhos e apertou as mãos contra
as têmporas, como se estivesse em grande sofrimento.
Depois, os olhos abriram-se e surgiu um “sorriso descarado. Com uma voz desconhecida,
mas viva e cintilante, disse: ‘Olá, doutor! Ela tem passado uns maus
bocados!... Dá-me um cigarro, doutor?’
- ‘Quem é ela?’
‘Eva Branco, é claro. A sua santa e sofredora
doentinha.’
‘Então, quem é você?’
‘Eu? Sou Eva Negro.’”
Eva Branco e Eva Negro eram apenas duas das
22 personalidades que foram surgindo ao longo do tempo e de que apenas três
podiam coexistir simultaneamente no espírito da doente.
Quando um conjunto de três “morria”, outras
três tomavam o seu lugar. Algumas delas, sentindo a morte aproximar-se,
chegaram a fazer testamento.
Para o fim do tratamento, emergiu uma última
personalidade (a 22ª”), a de Cristina Santos (o verdadeiro nome de Eva), da
Virgínia, que contou a sua história num livro “Eu sou a Eva”.
Cristina descreve as suas múltiplas
personalidades como “um mecanismo de defesa próprio que criou pessoas satélites
para enfrentar conflitos insuportáveis.
Os psiquiatras estão de acordo e acrescentam
que o distúrbio pode provir de crueldades sexuais ou mentais sofridas pela
vítima em criança.
Chamam-lhe um distúrbio dissociativo porque o
eu pode dissociar-se, ou separar-se, em sub-personalidades ocultas da
consciência.
O distúrbio de personalidade múltipla, forma
extrema dos estados dissociativos, é extremamente raro e exige um diagnóstico cuidadoso.
Embora alguns casos de personalidade múltipla
tenham sido denunciados como fraudes, investigações recentes revelaram outros –incluindo
o de Eva – como sendo autênticos.
Os estudos mais convincentes são os que mostram um padrão de ondas
cerebrais específico para cada uma das personalidades do mesmo doente.
As pessoas normais não conseguem simular
ondas cerebrais diferentes.
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