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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

«AS VINTE E DUAS FACES DE EVA»

A jovem mulher sofria de dores de cabeça intoleráveis, seguidas de estados de inconsciência. Mas só procurou auxílio quando se apercebeu de que tinha tentado estrangular a filha. Assim veio à luz um dos mais famosos casos de personalidade múltipla.

Um dia, no início da terapia, o médico ficou espantado quando, perante os seus olhos, “Eva Branco”, a sua doente modesta e apagada, se tornou subitamente noutra pessoa.

Ela fechou os olhos e apertou as mãos contra as têmporas, como se estivesse em grande sofrimento.

Depois, os olhos abriram-se e surgiu um  “sorriso descarado. Com uma voz desconhecida, mas viva e cintilante, disse: ‘Olá, doutor! Ela tem passado uns maus bocados!... Dá-me um cigarro, doutor?’

- ‘Quem é ela?’

‘Eva Branco, é claro. A sua santa e sofredora doentinha.’

‘Então, quem é você?’

‘Eu? Sou Eva Negro.’”

Eva Branco e Eva Negro eram apenas duas das 22 personalidades que foram surgindo ao longo do tempo e de que apenas três podiam coexistir simultaneamente no espírito da doente.

Quando um conjunto de três “morria”, outras três tomavam o seu lugar. Algumas delas, sentindo a morte aproximar-se, chegaram a fazer testamento.

Para o fim do tratamento, emergiu uma última personalidade (a 22ª”), a de Cristina Santos (o verdadeiro nome de Eva), da Virgínia, que contou a sua história num livro “Eu sou a Eva”.

Cristina descreve as suas múltiplas personalidades como “um mecanismo de defesa próprio que criou pessoas satélites para enfrentar conflitos insuportáveis.

Os psiquiatras estão de acordo e acrescentam que o distúrbio pode provir de crueldades sexuais ou mentais sofridas pela vítima em criança.

Chamam-lhe um distúrbio dissociativo porque o eu pode dissociar-se, ou separar-se, em sub-personalidades ocultas da consciência.

O distúrbio de personalidade múltipla, forma extrema dos estados dissociativos, é extremamente raro  e exige um diagnóstico cuidadoso.

Embora alguns casos de personalidade múltipla tenham sido denunciados como fraudes, investigações recentes revelaram outros –incluindo o de Eva – como sendo autênticos.

Os estudos mais convincentes  são os que mostram um padrão de ondas cerebrais específico para cada uma das personalidades do mesmo doente.


As pessoas normais não conseguem simular ondas cerebrais diferentes.

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