Todos quantos
visitam, em Coimbra, esta obra admirável e inédita, ficam verdadeiramente
encantados e sensibilizados. A ela se referiu Maetrlinck, chamando-lhe “um país
saído de um conto de fadas”.
Ali, num recinto de
algumas centenas de metros quadrados, encontra-se, em miniatura, Portugal
inteiro com a sua História, os seus costumes, estilos arquitecturais, artes,
religião, ofícios e indústrias rurais.
Obra pedagógica,
repleta de poesia e sensibilidade, que se deve ao auxílio do ilustre professor
Bissaia Barreto – bem assim como tantas outras que efectuou em Coimbra – que teve
a felicidade de conseguir ver criada pelo afamado arquitecto Cassiano Branco,
valioso cooperador que se dedicou à sua realização.
Ali se encontra, nas
dimensões apropriadas àqueles a quem se destina, Portugal inteiro, do Minho ao
Algarve, com seus castelos, monumentos, solares, minas, rios, montes e vales…
Logo à entrada do
Parque, aquele Portugal pequenino, para gente de palmo e meio, parece mansão de
fadas, sonho de artista inspirado que subjuga pela realidade viva da sua
beleza, que se mete pelos olhos e fascina quem a contempla.
Antes de penetrar naquele
encantamento, onde a pequenada, a brincar e a rir, vai conhecer Portugal no seu
Portugal pequenino, há um jardim de gosto moderno, fronteiro à edificação.
Em frente do caminho
lageado da entrada, levanta-se o edifício maior de todas as construções
miniaturais, que é o pavilhão de assistência médica, creche, escola, sala de
jantar dos miúdos, lavabos, tudo em dia com os métodos pedagógicos, condições
higiénicas e clínicas.
Não passemos ainda ao
interior, porque, no hemiciclo da frontaria, debaixo do airoso alpendre caído
sobre caneladas colunas revestidas de cerâmica escarlate, o peta dos azulejos,
Alves de Sá, estendeu formosos panos de decoração explêndida, reproduzindo, ao
centro, um quadro célebre da Raínha Santa Isabel, que ladeou de azulejos e
jarras.
No jardim, diante do
recinto do casario, o padrão dos descobrimentos, encimado pela cruz de Cristo,
de corte moderno, evoca a epopeia que dilatou Portugal pelo mundo. Rotas, naus,
conquistas e novas terras do império estão, além, representadas no enorme globo
terráqueo, onde as crianças aprendem, podem aprender, a conhecê-las e a admirar
a obra dos Gamas, dos Albuquerques e dos Cabrais, que a conceberam e
afoitamente a sublimaram.
Mas a vida não é só
êxtase de belezas em ócios de casas e paços; como a história da Nação tem
heroísmos de sangue nas suas grandezas.
Sempre que me desloco
a Coimbra, atravesso o Mondego para Santa Clara e vou visitar esta maravilha,
tendo ali levado meus filhos e mais recentemente minhas netinhas, para que
pudessem ver aquela histórica construção.
Cito acima o
hemiciclo da frontaria, e não posso deixar de citar o hemiciclo do Palácio de
S. Bento, onde os supostos donos de Portugal nos causam tanta tristeza, tanto
sentimento de revolta e de desprezo, que me fazem esquecer as antigas casas
fartas do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro, hoje muito abaladas pelas
crises inventadas pelos políticos que tomaram conta do país.
É preciso dar a
conhecer a todos os pequeninos portugueses da idade adulta que a vida exige na
sua luta constante.
Após largas horas passadas
na delícia desta realidade, a obsessão do seu mérito criou paixão de a rever,
dando-me o desejo de voltar a ser menino para ali viver encantado.
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