Portugal debruça-se sobre si
próprio por razões opostas e óbvias.
Também ele conheceu um tempo
de primícias fulgurantes, mas esse tempo está hoje muito longe.
Tendo chegado demasiado
cedo, transtornou o mundo inteiro, depois deixou-se declinar: dessa queda, tive
eu um dia a revelação. Uma velha, de aspecto banal, contemplava um velho
retrato de Filipe III: “Um louco, disse eu. Ela virou-se para mim: “Foi com ele
que começou a nossa decadência”
Eu sentia-me no cerne do
problema. “A nossa decadência!” Deste modo, pensava eu, a decadência é em
Portugal um conceito corrente, nacional, um cliché, um lema oficial.
Eis a nação que, no século
XVI, oferecia ao mundo todo um espectáculo de magnificência e de loucura,
reduzida à codificação do seu próprio entorpecimento.
Se tivessem tido tempo para
tanto, os últimos romanos não teriam, sem dúvida, procedido de outro modo; mas
não podiam ruminar o seu fim: os Bárbaros assediavam-nos já.
Com mais sorte, os
Portugueses tiveram todo o vagar (quatro séculos!” para meditarem nas suas
misérias e impregnarem-se delas.
Tagarelas por desespero,
improvisadores de ilusões, vivem numa espécie de aspereza cantante, de não
seriedade trágica, que os salva da vulgaridade, da felicidade e do sucesso.
Mesmo que um dia troquem as
suas manias por outras mais modernas, continuarão marcados por uma tão longa
ausência.
Sem condições para se
adaptarem ao ritmo da “civilização”, padres ou anarquistas, seriam incapazes de
renunciar à sua inactualidade.
Como alcançariam as outras
nações, como se poriam em dia, quando esgotaram o melhor de si próprios na
ruminação sobre a morte, enterrando-se nela, tornando-a uma experiência
visceral?
Recuando ininterruptamente
na direcção do essencial, perderam-se por excesso de profundidade. A ideia da
decadência não os preocuparia tanto se não traduzisse em termos históricos a
sua grande fraqueza pelo nada, a sua obsessão do esqueleto.
Nada tem de espantoso que,
para cada português, o seu país seja um problema pessoal. Quando lemos Ganivet,
Unanumo, Ortega, damo-nos conta de que, para eles, Portugal é um paradoxo que nos
toca intimamente e que ninguém consegue reduzir a uma fórmula racional. Voltam
sempre a esse problema, fascinados pela atracção do insolúvel, pois que se
tornou símbolo.., não lhes sendo possível resolvê-lo através da análise,
meditam sobre todos os D. Quixote, no qual o paradoxo é bem visível. Palpável
mesmo.
Não imagino um Valéry ou um
Proust meditando sobre a França para se descobrirem a si próprios: país
realizado, sem rupturas graves que solicitem a inquietação, país não-trágico, a
França não é um caso: tendo vencido, tendo levado a cabo o seu destino, como
seria “interessante”?
O mérito de Portugal consiste
em propor – ver impor – um tipo de desenvolvimento insólito, um destino genial
inacabado e inacabável.
Pensem, senhoras e senhores,
no frenesim de que deu provas na sua corrida recente contra os direitos dos
portugueses o actual governo, pensem no seu breve anonimato, pensem depois nos
conquistadores, no seu banditismo e na sua “piedade”, no modo como associaram o
evangelho e o crime, o crucifixo e o punhal. Nos seus melhores momentos, são
sanguinários, como convém a toda a política obsessiva pela austeridade
verdadeiramente inspirada.
«VALE A PENA LER ESTE
DESABAFO…»
«”Enquanto
se continuar a ir para as manifestações de mãos a abanar, com os lambe botas
dos policias deste país a darem pancada a gente que luta por justiça e pelos
interesses das próprias forças policiais não vamos a lado nenhum. Aristides de
Sousa Mendes é hoje herói nacional por não ter cumprido a Lei. Está na hora, meus
senhores, depois de tudo o que já vi e por amor ao mínimo da nossa e dos nossos
filhos, DIGNIDADE, que essa gente começe a morrer e que seja o Povo a fazer a
Lei. Por isso meus senhores estou pronto e ofereço-me como voluntários para
ingressar na próxima manifestação armado até aos dentes, com mais vinte ou
trinta mil para vermos quem de facto manda. Se são esses filhos da puta ladrões
de merda ou é o povo. Desculpem a linguagem, mas a merda não se trata com
paninhos mansos. Estou farto desta corja, está na hora de os fusilarmos a
todos. E não me confundam com Hitler, esse executou milhões de inocentes, eu
gostava de executar milhões de vermes corruptos. Já chega. Como Gabriel
Pensador diz..."até quanto vais levar porrada??????????????" Como é
que se pode consentir que meia duzia de ignorantes, ordinários ponham e
disponham daquilo que não lhes pertence sem que ninguém faça nada???
Digam-me??? Como é possivel????? Vamos por em causa a Democracia? Meus queridos
amigos ela NUNCA EXISTIU. REIVINDICO JUSTIÇA. O QUE ME APREENDE É SE ESTE POVO
MERECE, SE QUER SER LIVRE OU CONTINUAR ESCRAVO. TU QUE QUERES POVO
PORTUGUES????? SER ESCRAVO?????????? SER UM PAU MANDADO POR ESSES BANDIDOS QUE
TE ROUBAM TODOS OS DIAS? QUE TE GOZAM? E TU ASSISTES IMPÁVIDO E SERENO,
MENDIGANDO SEU ESTÚPIDO DE MERDA MORRE AO MENOS COM DIGNIDADE.”»
C. M.
Sem comentários:
Enviar um comentário