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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

«FALTA DE HUMANISMO…»

Quais são as peças deste humanismo que opera desde “há séculos” e, sobretudo hoje? Este aparelho de guerra ideológico funciona na, por e para captação. Apodera-se das energias rebeldes para as alterar, para as reduzir e, depois, destruí-las.

Trata-se de desmontar as forças, de as decompor, para reduzir a nada qualquer veleidade de rebelião.

À saída desta máquina que tudo digere, encontramos, desmiolados, os indivíduos submetidos pelo conjunto dos mecanismos adaptados a esse efeito: da escola à família, dos média a outros locais onde circulam os saberes dominantes,, da edição às universidades, ou o inverso, tudo isto está concebido para dirigir as forças reactivas rumo a cristalizações humanistas que reivindicam mais decência, justiça, considerações e dignidade.

Para tal, contentam-se com proclamações de boas intenções, interditando que se vá mais longe, enquanto familiar da operação e do método genealógico para ver de onde vêm essas misérias, qual a proveniência dessas dores, de que fonte brota esse negativo, como se poderia atacar o problema pela raíz, lá onde os nietzscheanos lhe querem pegar, e não na sua extremidade, onde se instalam os humanistas.

A compaixão permanece uma virtude inoperante, mesmo quando dobrada pela “caridade”, lá onde a subversão supõe uma força activa, sobretudo quando é completada pela acção.

A ideologia estruturou uma malha cerrada da qual não se pode sair sem danos. Daí o sentido e a necessidade do derrube de um platonismo o que, metaforicamente, equivale a um convite para rasgar essa rede metafísica.

De que é constituída? De um certo número de crenças ou de verdades propostas no absoluto, intocáveis e apresentadas sob a forma de fetiches que se devem adorar a fim de possibilitar essa “religião filosófica consensual”.

Da origem do pensamento à sua expansão contemporânea, os pontos fixos permanecem os mesmos.

O humanismo radica, nesta confusão entre as liberdades interiores reais e as liberdades exteriores formais, entre a total autonomia conceptual destes princípios e a limitação radical da sua projecção no mundo.

Os conceitos matam a vida, as ideias desvitalizam e interditam o real.


Robustecidos por estas antinomias que  permitem colocar continuamente o problema no terreno do absoluto, negligenciando e esquecendo as condições de uma experimentação, de uma encarnação na vida quotidiana, os defensores da “religião humanista”, que são também os defensores da mitologia dos direitos do homem, ilustram a opção realista na antiga querela com os nominalistas.

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