Rosa Luxemburg nunca cai no dogmatismo :
repete que o marxismo não é, de maneira nenhuma, uma selecção de receitas já
prontas, pelo que se torna necessário aplicar o método marxista à análise de
cada determinada situação concreta.
Ela própria seguirá esta norma ao estudar, por
exemplo na « Greve de Massas », « Partidos e Sindicatos »,
as contribuições dadas pela Revolução Russa de 1905, empenhando-se em extrair
dela os ensinamentos válidos para o conjunto do movimento operário
internacional.
Seguirá esta norma ao estudar o imperialismo e as
suas novas características : militarismo, política colonial... É a
primeira pessoa a analisar teoricamente o militarismo.
Estes aspectos novos do capitalismo não modificam,
contudo – e é aí que reside precisamente o aspecto essencial – a natureza
profunda. Para Rosa Luxemburg o imperialismo não faz senão acusar as
características fundamentais do capitalismo tal como Marx as divulgou.
O motor essencial da história é a luta de classes.
Desde o início do século XIX que o capitalismo não parou de se desenvolver, mas
com ele desenvolveram-se também as suas contradições internas.
É chegado o momento em que o capitalismo « já
não é portador de progresso histórico, mas em que se transformou num travão,
num perigo para a evolução ulterior da sociedade ».
Chegou, pois, o momento do proletariado se apoderar
do poder político e de instaurar o socialismo.
Ao redigirem o Manifesto do Partido Comunista, em
1848, Marx e Engels pensavam ter soado a hora dessa mutação. Antecipavam o
desenvolvimento histórico, mas, setenta anos depois, essa transformação
encontra-se na ordem do dia da história : « Estamos hoje perante essa
tarefa imediata : a realização do socialismo », afirma Rosa Luxemburg
em Dezembro de 1918.
Daí resulta que o socialismo não se baseia numa
ideia, por mais generosa que seja. As leis da história - leis objectivas,
independentes da vontade dos homens (Rosa Luxemburg emprega com frequência
a expressão « leis inexoráveis » - ensinam que a sociedade capitalista
é apenas uma etapa da evolução das sociedades humanas, que ela desaparecerá,
minada pelas suas próprias contradições internas, e que o socialismo lhe
sucederá.
Compreende-se assim a razão da violência da
polémica contra Bernstein. Ao afirmar que o capitalismo « se adaptava », que o número ou a amplitude das crises
económicas diminuíam.., Bernstein pretendia demonstrar que esse sistema se
encontrava à altura, se não de resolver, pelo menos de atenuar as suas próprias
contradições. A partir daí, a « catástrofe « já não era fatal
e, por conseguinte, a própria revolução já não era nem inevitável nem sequer
verosímil, revolução essa que até tinha representado para a social-democracia o
seu « objectivo final », o seu objectivo supremo e último.
(...)
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