A Federação Nacional de Professores estima que haja
cerca de 10 mil docentes a inscrever-se nos centros de emprego, alertando para
o risco de algumas escolas não conseguirem começar o ano lectivo por falta de
docentes.
"O senhor ministro sabe que estão aqui milhares
de professores que têm muitos anos ininterruptos de trabalho", criticou
Mário Nogueira, à porta do Centro de Emprego da Amadora, onde um grupo de
sindicalistas decidiu dar apoio aos docentes que hoje foram requerer o
pagamento de subsídio de desemprego, uma vez que ainda são desconhecidas as
listas dos contratados pelas escolas.
Elsa Martins era uma das docentes que hoje estava à
porta do centro de emprego da Amadora. Em 1998 realizou o estágio profissional
a dar aulas de História e nunca conheceu a sensação de "ter estabilidade
profissional".
Após o estágio, realizado há 15 anos, "têm sido
uns anos bastante agitados e bastante precários": "Tenho enfrentado
diversas situações, desde horários de substituição, desde períodos de
desemprego, a horários anuais. Tem sido um percurso espalhado por todo o país.
Não só da área da Grande Lisboa, de onde sou, mas um pouco por todo o
país", contou à Lusa.
A duas semanas do início das aulas, Elsa Martins e
todos os docentes cujo contrato terminou no final do passado ano lectivo ainda
desconhecem o seu futuro.
"Normalmente as listas dos professores contratados
costumam sair no final de Agosto, para que nos possamos apresentar ao serviço a
1 de Setembro. Este ano, o ministério ainda nem sequer apresentou ao certo uma
data para a apresentação das listas o que faz com que todos os contratados
estejam desempregados e o ministério poupe nos ordenados", criticou Elsa
Martins.
Além disso, esta situação põe em causa o arranque das
aulas nos estabelecimentos com elevada percentagem de contratados: "É a
primeira vez que as escolas vão iniciar um ano escolar sem terem colocado um
único contratado, incluindo escolas que vivem à custa de contratados, como é o
caso das escolas de ensino artístico, a escola António Arroios, em Lisboa, a
Soares dos Santos, no Porto, ou os Conservatórios de Musica, de Dança,
etc", alertou Mário Nogueira.
O secretário-geral da Fenprof considerou
"curioso" que o MEC tenha anunciado seis mil vagas do concurso por
ocupar e "tenha, no entanto, zero professores contratados nas
escolas".
Mário Nogueira acusa o executivo de esconder a verdade
por detrás dos resultados do concurso de mobilidade interna, que permite aos
professores dos quadros mudar de escola.
"O senhor ministro deu a ideia de que lhe tinham
sobrado 2.200 professores dos quadros em horário zero mas como tinha seis mil
horários facilmente lá os iria colocar, mas isso não é verdade", denunciou
o sindicalista, explicando que é preciso que haja compatibilidade entre os
horários disponíveis e as disciplinas dadas pelos docentes e zona de
preferência.
Mário Nogueira acusou o ministério de "perseguir
os professores contratados, que há tantos anos têm dado o melhor de si às
escolas em situação mais complicada que os restantes colegas" e de os
tratar "como descartáveis".
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