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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

«OBAMA E AS CRIANÇAS SÍRIAS»

Como todos os portugueses e outros povos do mundo, tive a oportunidade de assistir pela televisão, ao discurso do presidente norte-americano pata justificar o bombardeamento à Síria.

Argumentou ser inaceitável o uso de armas químicas contra o povo, especialmente quando se atinge crianças.

Na reunião do G-20, mais uma vez, ao falar ao mundo, reiterou o compromisso em defesa das crianças daquele país do Médio Oriente. E, desde então, a cantilena repete-se em todas as suas entrevistas, que já nem o são.

A insistência nessa linha de protecção aos indefesos, tem o objectivo de sensibilizar a opinião pública interna, mas também a internacional, contra uma aventura de mais uma guerra naquela zona do Mundo. Cabe lembrar que, quando George Bush decidiu invadir o Iraque, o governo mostrou cenas captadas por satélites de camiões que transportavam as tais armas químicas que nunca apareceram. Foi uma fraude grotesca e de novo se usa o mesmo argumento, mas tendo como “provas”, apenas a garantia da “inteligência” dos USA.

É muito difícil imaginar que um dirigente de um país ameaçado por inimigos poderosos aceite receber inspectores da ONU para um dia antes da sua chegada espalhar gás químico num bairro próximo do local onde a delegação ficaria hospedada, e sabendo que o líder da principal potência militar do mundo tinha colocado como “linha vermelha”, que não poderia ser ultrapassada pela utilização de tais gases.

Voltemos às crianças. Não faz muito tempo o soldado americano Bradley Manning foi condenado a 35 anos de prisão nos Estados Unidos. O seu principal crime foi repassar um vídeo ao Wikileaks com cenas reais da força aérea norte-americana lançando bombas sobre a população civil do Iraque, incluindo crianças, uma prática comum do país dos “direitos humanos” para aterrorizar a população dos países que invade.

Noutros documentos divulgados, é comprovada a prática de tortura pelo exército americano na prisão de Guantánamo, que o “democrata” Obama prometera encerrar quando candidato. E também não há muito tempo, poucos dias antes do ataque terrorista à maratona de Boston, os soldados norte-americanos lançaram bombas sobre uma aldeia no Afeganistão, matando os civis, especialmente crianças, velhos e mulheres, prática que se repete com frequência – parecendo até tratar-se de uma diversão das tropas de Obama.

Fica, então, claro, que o presidente dos EUA não tem nenhuma compaixão pelas crianças que jura proteger, pois se necessário for, elas recebem as bombas para a política de pilhagem dos povos pela “maior democracia do mundo”. Calcula-se a  morte de cerca de cem mil pessoas na guerra civil da Síria. Muito provavelmente, se os merecenários e terroristas não fossem armados e financiados pelos USA e seus fantoches da Europa, esse conflito já teria terminado, mas a política para derrubar governos que não se submetam aos interesses imperialistas fala mais alto.

Barak Obama poderia, na sua luta em defesa da vida das crianças, pedir desculpas ao povo japonês pelas duas bombas atómicas despejadas sobre a população civil, que deixou mais de duzentos mil mortos (e é triste e deprimente ver um país vítima da bestialidade humana defender o bombardeamento da Síria por quem o atacou cobardemente); poderia pedir desculpas ao povo argentino, que sofreu uma ditadura militar que assassinou cerca de trinta mil pessoas, apoiada e sustentada pelos USA, onde as crianças eram sequestradas por militares treinados pela CIA; poderia também suspender o apoio financeiro, diplomático e militar a Israel, um estado terrorista que sequestra, tortura e mata crianças na Palestina desde 1948 – a propósito, em determinado período, o alvo dos tiros dos soldados israelitas contra a população civil da Palestina eram os órgãos sexuais, exactamente para que o povo não pudesse ter mais filhos (crianças). Obama nunca se dará ao luxo de perder tempo para especular quantas crianças  palestinianas foram trucidadas pela mais cruel máquina de guerra existente no mundo.a aliança USA/Israel. Para eles, essas crianças seriam “terroristas” no futuro e é melhor que sejam logo elimimnadas.

As forças armadas norte-americanas são os responsáveis pela maior quantidade de mortes na História recente, incluindo as criancinhas que Obama tanto cita. Envolveram-se em guerras, bombardeamentos e invasões várias (Coreia, Vietname.Camboja, Laos, Granada, Panamá, Iraque, Bósnia, Afeganistão, Líbia, etc…). Em todas essas incursões  os povos foram massacrados impiedosamente por conta da cobiça de governos que ignoram completamente o direito à soberania das nações.

As centenas de milhares ou talvez milhões de pessoas que morreram – incluindo crianças – foram alvo de um país que sempre usou artifícios cínicos para sustentar invasões que têm como objectivo central saquear as riquezas e subjugar governos, tornando-os vassalos, como ocorre actualmente no Afeganistão, onde se calcula a morte de quarenta mil pessoas depois de o país ser invadido pelasa tropas ianques. A intenção de Obama agora é a mesma de todos os presidentes anteriores; curvar a Síria aos seus interesses.  Na sequência, sitiaria o Irão e tornar-se-ia absoluto naquela região riquíssima em petróleo. Crianças, para o Prémio Nobel da Paz, responsável directo pela mortandade de civis afegãos, que despejou bombas sobre o povo da Líbia e agora quer promover a carnificina da Síria, nada significam; são apenas escudos para esconder os verdadeiros interesses de quem quer dominar e saquear o mundo.

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, tem dito que não promoveu aquela insanidade contra os seus inimigos políticos e não há prova alguma de que tenha sido. Obama jura ter as provas. Mas, não as mostra. Se o presidente dos USA, a expressão política formal da indústria das armas e petrolífera e dos bancos norte-americanos decidir pelos ataques “limitados” (90 dias), provavelmente teremos de novo milhares de civis mortos – como sempre ocorreu nos bombardeamentos “cirúrgicos vindos” do “xerife”  do mundo. E Barak Obama estará a repetir a crueldade de assassinar crianças, prática corriqueira da maior potência imperialista do planeta.


Sejamos sinceros e convenhamos: a tese de Bush de ter ouvido um pedido de Deus para invadir o Iraque, é bem mais original que o diversionismo infantil daquele que foi a esperança, para os ingénuos, de que algo mudaria nos USA.

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