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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

«A ANTINOMIA DA CONCORRÊNCIA»

Se bem que necessária à fixação dos valores e à estimulação da produção, surge também como causa de destruição dos salários e da sujeição dos trabalhadores a pagamentos de miséria.

Daí, a necessidade de uma legislação fiscal que se inspire das “barreiras eriçadas de obstáculos” de Gracchus Babeuf.

No livre mercado planetário, o proteccionismo económico é a única maneira de evitar que um país, no qual as crianças trabalham por salários miseráveis, possa, sendo as leis do mercado o que são, conquistar os mercados nos quais outros jogam segundo uma regra que reconhece o direito ao trabalho, o sindicalismo e a humanização relativa das tarefas.

Da mesma maneira assinalar-se-á a antinomia dos impostos, excelentes na medida em que poderiam compensar o efeito nefasto dos monopólios ou das concentrações de riquezas, mas catastróficos na medida em que agravam a exploração da maioria daqueles sobre os quais a pressão fiscal é mais pesada.

Taxado por todos os lados, o cidadão mais rico sentirá menos o imposto que o pobre, que tem de levar a mão ao bolso ao mínimo gesto: impostos directos, indirectos, imobiliários, taxas diversas sobre uma multitude de produtos ou de transacções, e tantas outras medidas vexatórias, supondo um levantamento obrigatório a cada movimentação de dinheiro.

Fixado por aqueles que têm o poder de legitimar e de financiar o seu aparelho de constrangimento, o imposto parece, muito frequentemente, uma ocasião para diminuir a parte de dinheiro disponível num casal, suscitando um empobrecimento que torna mais fácil a perenidade do sistema de regime salarial e de exploração.

A antinomia do crédito também funciona como produtor de um efeito duplo: poderia emancipar os pobres se estivesse organizado de modo a ser gratuito mas, tal como é, só tem como resultado o de permitir ao dinheiro ir para onde já se encontra, enquanto evita facilitar a vida das famílias ou das pessoas dele desprovidas, para as quais seria vital.

O empréstimo é apenas um meio de fazer dinheiro com dinheiro, não é seguramente um modo de possibilitar o acesso ao consumo dos mais desprovidos, a não ser ao preço forte.

Na nossa civilização o crédito aparece como um formidável meio de pressão sobre os lares que, endividados, ficam à mercê de quaisquer imperativos e dos trabalhos mais pesados, obrigados a aceitar as condições que o mercado propõe, a fim de poder unicamente reembolsar as suas letras de crédito.


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