É curioso como, em momentos difícieis para o
governo, seja ele qual for, surjam sempre os arautos da desgraça que, em textos
bajuladores padrão para fortalecer o sentimento de culpa e o espírito de
incultura do cidadão comum.
A culpa é sempre do “escravo”, do
trabalhador, do pobre, do ignorante… Culpar um povo por deitar lixo ao chão, na
verdade, é falta de educação por parte de quem tem a obrigação de zelar pelo
bem da sociedade.
= Precisa-se de matéria-prima para construir
ou reconstruir um país! = A seguir fazem-se algumas comparações com governantes
anteriores e os actuais, com futuros, que se não sabe quem serão, e que o povo
continuará a considerar, ajudado pelos partidos não pertencentes ao tal arco da
governabilidade, não servirão para nada.
Por tal motivo se insinua disfarçadamente,
que o problema não está nos corruptos que já não governam, na farsa que são os
que o fazem actualmente ou no futuro. Afirma-se que o problema reside em nós.
Nós, como povo, como a matéria-prima do país, porque se pertence a um país onde
a “esperteza” é a moeda mais valorizada, mais que o Euro.
Ora, num país onde ficar rico do dia para a
noite é uma virtude mais apreciada do que criar uma família baseada em valores
e respeito pelos demais.
E, continuam as afirmações: pertenço um país onde, lamentavelmente, os jornais
nunca poderão ser vendidos como noutros países, isto é, colocados à porta ou
fora dela, numas caixas, onde se pg apenas um jornal e se pega num só jornal;
pertenço a um país onde as empresas privadas são autênticas papelarias
particulares dos seus empregados desonestos, que levam para casa, como se não
fosse roubo, folhas de papel, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para
os filhos ou para eles mesmos; pertenço a um país onde as pessoas se sentem o
máximo por conseguirem, de noite, puxar a TVCabo do vizinho, onde se falseia a
declaração de impostos para pagar menos ou não os pagar, um país onde a falta
de pontualidade é um hábito. Onde os gestores das empresas não valorizam o
capital humano; onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram o
lixo para as ruas e depois reclamam dos autarcas porque os esgotos não são
limpos; o povo apodera-se das cargas de veículos acidentados nas estradas, conduz
após consumir bebidas alcoólicas, arranja um atestado médico sem estar doente
para faltar ao trabalho; quando, ao serviço da empresa paga 10 euros pelo
almoço, pede um factura de 20; comercializa produtos oferecidos nas campanhas
contra a fome ou contra catástrofes ou compra produtos/pirata em plena
consciência.
Quando encontra algo perdido por alguém, na
maioria das vezes guarda-o, falsifica tudo, só não o fazendo ao que não foi
ainda inventado, e quer que os políticos sejam honestos. Porque reclama,
afinal, o português?
Os deputados trabalham dois dias por semana
para aprovarem projectos e leis que só servem para afundar o que não têm e
beneficiar apenas alguns, eles incluídos.
Pertenço a um país onde as cartas de condução
e as baixas médicas podem ser compradas sem qualquer exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada,
uma mulher com uma criança ao colo, um deficiente, ficam de pé num autocarro,
enquanto que os sentados simulam dormir para não darem o lugar. Um país onde a
prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos
tanta coisa errada e nos esforçamos em criticar os governantes.
Como matéria-prima de um país, temos muitas
coisas boas, mas falta-nos muito para sermos os homens e as mulheres de que o
nosso país precisa.
Esses defeitos, essa esperteza portuguesa,
congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até
se converter em escândalos, essa falta de qualidade humana,, mais que qualquer
governante, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses
como nós, eleitos por nós, nascidos entre nós, não noutra parte. Fico triste.
Porque, ainda que todos os políticos se demitissem hoje mesmo, os próximos
continuariam a trabalhar nas mesmas matérias-primas defeituosas que, como povo,
somos nós mesmos. E nada poderão fazer…
Não temos garantia alguma de que alguém possa
fazer melhor! Mas, enquanto alguém não mostrar um caminho destinado a erradicar
primeiro os vícios do povo, ninguém servirá, como não serviram Salazar,
Marcelo, Soares, Cavaco, Guterres, Santana, Sócrates nem Cavaco ou Pedro.
Qual é a alternativa? Precisamos de mais um
ditador, para que nos faç cumprir pela força e por meio do terror?
A Portugal faz falta outra coisa. E, enquanto
essa “outra coisa” não começar a surgir de baixo para cima, ou de cima para
baixo, como se queira, continuaremos condenados e à espera de acender uma vela
a todos os Santos, a ver se nos mandam um novo Messias.
Nós temos que mudar! Um novo governante com
os mesmos portugueses não poderá fazer nada.
Está tudo muito claro. “Somos nós quem tem de mudar!” Já dizia o general
romano que éramos um povo que nem se governava nem se deixava governar!
Estes apanhados têm sido compilados sobretudo
nos últimos tempos, nos quais se tem pretendido fazer o que não deve ser feito
contra o povo português.
É necessário estar muito atento ao que dizem
todos os comentadores, e ao que escrevem nas entrelinhas, porque a situação
está a ir de mal a pior, pretendendo culpar-se o único que não tem culpa alguma
do que tem sido e é feito, mal feito no país, especialmente nos dois últimos
anos.
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