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terça-feira, 9 de julho de 2013

«LÁGRIMA DE UM SOLDADO»

A lágrima de soldado é ter lutado pela soberania deste país e ajudado a escrever a sua história com o suor da sua pele e o sangue do seu corpo e hoje ver o seu sabre honrado e glorioso ser esquecido e menosprezado.

É ter lutado nas guerras internas para preservar a unidade nacional colocando toda a sua alma ao serviço do seu país e do seu povo e hoje ver a sua história ser descolorida e reinterpretada em nome de interesses ideológicos.

É ver a sua instituição de tradições seculares – constituída por profissionais honestos e honrados, de alma pura e adornada de civismo – ser deslustrada e desvalorizada, de forma maliciosa, pela média e por pessoas que exercem temporariamente o poder.

É ver a importância da sua Instituição ser esvaziada para atender a doutrinas ideológicas, por meio de cortes no orçamento, perda de benefícios, abatimento salarial, desvalorização das chefias.

É ver o esplendor da sua espada receber qualificações depreciativas e gratuitas por parte de pessoas interessadas em desfigurar os valores éticos, morais e cívicos que brilham, de foram permanente, sob os uniformes militares.

É ter espírito de servidão, identidade com a democracia, solidariedade para com os humildes, respeito às leis e aos direitos das pessoas e ser configurado, de forma constante, como autoritário e prepotente.

É não ter o reconhecimento, por parte das autoridades, do tempo que permanecem nas fronteiras distantes e insalubres; das horas que ficam no seu posto de sentinela, sentindo o vento frio do Inverno ou o calor ardente do Verão; do tempo que ficou de serviço di e noite no quartel, sem qualquer remuneração extra.

É não ver reconhecida a grandeza do trabalho, que se inicia quando algumas estrelas ainda permanecem acesas no céu e termina quando os horizontes arroxeados pelos raios de sol poente; é preparar-se para defender a soberania do seu país e não ter a profissão dignamente remunerada, como se a soberania não tivesse importância para os portugueses.

É ver muita gente apagar a luz que ilumina a  grandeza de um soldado; é não ser lembrado nos momentos de festa, mas apenas nos instantes de dor; é ser discriminado, mesmo sabendo que ele tem a alma alegre e solidária da nossa gente.

É ser um lutador incansável pela glória do seu país, treinando sem qualquer apoio governamental e, mesmo assim,  conquistando medalhas nas Olimpíadas Internacionais e não ser citado pela média como soldado de Portugal.

É ter que responder com silêncio e disciplina às injustiças, ofensas, ingratidões e perseguições, todas motivadas por um espírito revanchista, é saber que os palácios não ouvem a sua voz nem vêm s suas dificuldades, causadas pelos baixos salários que o governo lhe paga.

É ver pessoas, em manifestações públicas em favor de um vida melhor, sabendo da existência de vários crimes contra o povo, no desvio de recursos públicos, que poderiam ser usados na educação e na saúde.

É sonhar com um Portugal novo, com justiça social, e ver um Portugal velho, vestido de desigualdades; é sonhar com a honestidade no exercício das funções públicas e encontrar o desvio dos impostos pagos pelo cidadão; é sonhar com a esperança de que a democracia traga mudanças e assistir à continuação das velhas práticas políticas; é sonhar com um novo dia e perceber que a noite parece não ter fim.

É sonhar com uma assistência médica de qualidade e ver pessoas morrer ns filas de espera dos hospitais públicos; é sonhar com uma escola pública de qualidade e ver a decadência da educação; é sonhar coma Primavera e não ver as flores; é sonhar com as estrelas e não ver o céu; é sonhar com o maar e não ver a águ.

É ver o amor que os homens políticos têm pelas mordomias; é ver a vocação da sua maioria para a pr´tic de actividades ilícits e desonestas; é ver os políticos portugueses usarem o mandato e o cargo paara lcançar benefícios pessoais, seja desviando recursos públicos, seja exercendo tráfico de influência.

É ver que os nossos políticos têm a podridão dos rios poluídos que cortam as cidades e não a pureza das águas glaciais que descem dos polos; é ver que as eleições não trazem esperanças novas aos eleitores; é ver que a corrupção e o nepotismo têm ainda longa vida neste país.

A lágrima de soldado é ver Portugal ser um país rico e ter gente a dormir nas ruas e a passar fome; é ter pessoas à porta dos hospitais a lutar pelo direito de enfrentar a morte; é ter mães implorando por vagas nas escolas e creches, è saber que a verdadeira democracia ainda não chegou ao nosso pís. É ainda um sonho…

Mesmo com lágrimas nos olhos, o soldado continua em frente, no cumprimento do seu dever, com  sua alma vestida de fé e esperança, acreditando sempre em Portugal, na democracia e no fim das desigualdades, que tanto envergonham s pessoas de bem, que vivem neste solo onde a balança a rubro-verde da bandeira da nossa terra.

Esse soldado – simples, valoroso, dedicado, portador das mais caras virtudes continua com o seu passo firme e cadenciado, esperando que um di a impunidade seja lançada ao mar e este povo sofrido possa ouvir não um toque de silêncio mas o de uma nova alvorada e acordar com uma nova democracia.


D. P. L. 

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