Estou realmente convencido de que foi em
Portugal que se inventaram os contos de fadas,
passando a contar um que não consta da grande lista actual. Espero, com
isso, fazer história, como é o desejo de
muitos megalómanos que por aí andam.
Pessoalmente, não me incluo no rol desses
indivíduos, já que, por natureza, sou demasiado modesto.
Um dia, em Coimbra, nasceu um coelhinho que,
passados uns tempos foi, com seus pais, para Angola onde ficaram uns anos,
gozando de boa vida até que aquela ex-colónia se lembrou de deixar de o ser,
querendo os nativos ser um país independente.
Durante cerca de cinco séculos, aquele povo
tinha sofrido todas as humilhações que um povo pode sofrer, desde a
escravatura, o transporte para as terras do Novo Mundo e da América Latina, onde
eram vendidos com simples mercadoria, para se verem obrigados a trabalhar, a
troco de um para refeição diária, que assegurasse a sua vida e o bem-estar dos
seus donos. Outros povos africanos sofreram as mesmas sevícias.
Pois bem, esses povos, todos juntos,
decidiram revoltar-se e exigir a sua emancipação e independência dos seus
países, o que fez com que todos os coelhinhos, coelhos e outros oriundos da antiga
Metrópole, regressassem ao seu país, lastimando-se de terem sido roubados pelos
malvados dos pretos de tudo o que possuíam, esquecendo-se de que tudo o que
tinham tinha sido obtido à custa do sangue, suor e lágrimas dos naturais
daquelas terras prósperas e ricas.
Ali, Coelhos, Salgueiros, Rochas, Relvas e
tantos outros, quase se limitavam a enriquecer de qualquer maneira e feitio,
enquanto os naturais, a troco de uma côdea diária dava o corpo ao manifesto,
trabalhando duramente par os seus senhores de cor branca.
Com
revolta dos tais pretos, gente inculta e sem alma, como eram
considerados, os oportunistas e esclavagistas brancos e da Lusitânia, em vez de
se sentarem à volta de uma mesa e conversarem, não, decidiram voltar ao país que
haviam deixado, com ou sem seus pais, dependendo da idade em que tinham
decidido ir explorá-los até à medula.
Ora, como nunca tinham aprendido partilhar fosse o que fosse com os pretos,
quando regressaram ou vieram, pois alguns nasceram mesmo naquelas terras onde imperava escravatura e o enriquecimento dos brancos
da Metrópole, que a dados momentos usavam da violência do mais forte e poderoso
para continuarem ser os donos daquela
gente, o que foi fazendo com que nascesse a natural revolta dos povos
africanos.
Alguns brancos, militares, foram para lá combatê-los,
e à sua revolta, mas puderam apreciar tratar-se de uma luta inútil e também um
luta fratricida que jamais resolveria a situação.
Entretanto, na Metrópole outros militares se
revoltaram colocando um ponto final na ditadura que então ali se vivia,
correram com os carrascos do povo e dos pretos coloniais, negociaram a
independência e a liberdade daqueles povos e tudo se acalmou.
Mas, como nunca tinham trabalhado na vida,
muitos desses, a quem começaram a designar como retornados, chegados à
Metrópole, pretendiam continuar a viver de expedientes, no que eram peritos.
Alguns fizeram-se políticos, para a desgraça
dos metropolitanos e, de certo modo, começaram a lenta substituição dos ex-apaniguados
do ditador fascista, tudo fazendo, lentamente, para obrigar a um regresso ao
passado, o que, sem dúvida alguma conseguiram, conseguindo também colocar mais
de um milhão no desemprego, quase dois milhões na miséria e tomando conta dos
lugares chave da metrópole.
A situação começou a ficar de tal modo
difícil que hoje quase todos os metropolitanos lamentam ter dado apoio esses “africanistas” que têm sido a desgraça
de Portugal, apesar de nem todos…
Costuma dizer-se que a vingança deve
servir-se fria. Será que existirão motivos par que a tal vingança seja posta em
prática? Valeria a pena dar uma vista de olhos aos cargos ocupados por esses
retornados..!
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