Ontem, nos Jerónimos, era vê-los abanarem-se
com uma brochura que lhes fora oferecida, enquanto o novo Patriarca de Lisboa celebrava a missa e proferia a homilia.
Aliás, só se viam pessoas ditas famosas da
sociedade financeira e política nacional. Pelo menos, eram as pessoas que as
câmaras televisivas mostravam no que foi o primeiro contacto de D. Manuel
Clemente já como Patriarca da capital.
De Cavaco Silva e sua mulher, Passos Coelho e
Assunção Esteves, Portas e Mota
Soares, Santos Silva e outros, assim
como outras que mais não foram fazer que mostrar novas “toiletes” ou vestidos.
E se afirmo isto, será por maldade ou prazer de
maldizer? Não!
Ali, nos Jerónimos, estava a fina-flor
causador da crise que vivemos, e que parece render-lhes bons dividendos,
enquanto que o povo sofre. Indivíduos que nada mais fazem que mostrar-se à
saciedade como crentes e fiéis a Deus, mas que passam a maior parte da sua vida a
espezinhar os filhos do povo martirizado, enquanto amealham fortunas á sua
custa.
Estava calor e alguns foram munidos de leques
com os quais se abanavam e, os menos avisados, faziam-no com as tais brochuras
que um clérigo lhes oferecia conforme iam chegando.
O filho de Deus na Terra viveu sempre na
pobreza e até nasceu como filho de uma simples mulher do povo e de um
carpinteiro, moviam-se num só burro, com o qual atravessaram o deserto,
enquanto que estes simples mortais e homens e mulheres como qualquer um de nós,
se fazem transportar em luxuosos automóveis com motoristas pagos por todos nós.
A hipocrisia não tem limites entre toda essa
gente a quem importa apenas viver dentro da maior comodidade e luxo, mais não
seja para sobressair socialmente, enquanto mantêm fechada a boca, por onde
entra ou sai mosca sempre que a abrem. Ou asneira, como diz o ditado.
Gente sem fé, gente sem princípios, que vive
num mundo irreal que, se pudesse do ponto de vista legal, voltaria
voluntariamente às orgias e bacanais como nos tempos do Império Romano,
adorando ou dizendo adorar um qualquer deus, sobretudo se um bezerro de ouro,
como aquele que Moisés fez fulminar por um raio quando se preparava para
atravessar o Mediterrâneo, quando se dirigia para o Egipto.
Não felicito D. Manuel Clemente, que se viu
chamado a Lisboa e ao patriarcado; apenas lhe desejo estômago forte para poder
suportar todas as hipocrisias com que vai deparar-se na sua nova missão. Deverá
ser muito forte para resistir a todas as tentações que lhe surgirão pela
frente.
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