Não existe apenas um – o que seria uma solução
muito fácil – mas centenas de milhar de métodos. Tantas quantas são as
individualidades ou, para que ninguém se assuste, tantos quantos são os tipos
de individualidades.
Pode educar-se uma nervosa mentirosa, do
mesmo modo que se educaria alguém apático?
Cuidará o senhor Pedro da secretária de
Estado do Tesouro da mesma forma que trata, costuma tratar aqueles que afirma
terem mentido – e quem poderá falar de mentiras em Portugal sobretudo durante
as campanhas eleitorais e depois quase ad eternum – como tratando-se de alguém
indomável que só tem um olho que se limita a ver setinhas elevadas ao céu cor
de laranja?
Ora, se o próprio senhor Vitor a desmentiu
já, porque teimará na mentira e porque não toma
atitude que se impunha por parte do senhor Pedro?
A primeira coisa a fazer é dar-se conta das
disposições gerais, das tendências profundas do actual governo para mentira descarada. Nunca se levar´esse estudo
demasiado longe, por inexaurível.
Convém, acima de tudo, manter uma imagem de
conveniência, nem que seja à força, de uma pureza governamental e de uma
oposição aldrabona, “ e ai de quem tente inverter os papéis”. É preciso manter
o país num clima de crise permanente, onde a menor observação ferirá; a menor
alusão oporá os caracteres e temperamentos; um gesto, um olhar serão interpretados
como provocações, que nem o senhor Pedro nem o senhor Silva consentirão jamais.
É o próprio carácter do país que é deformado
irremediavelmente, pois essa personagem da vida política e financeira nacional é
uma confidente, a quem confiar o que não mais confiaria ninguém mais, enquanto se pode e deve – não se
aproximem as eleições autárquicas – que já não interessa que se lixem - mediante uma impressionante passividade do
senhor Seguro que se torna impressionante, quando afirma publicamente que só
lhe interessa vencer por um voto apenas.
Se o país pensar, fa-lo-á do seguinte modo: “Estou
bem arranjado, se tenho de cuidar disso tudo!” Pois é preciso, já que,
infelizmente, não existem verdadeiros líderes em Portugal e rareiam também no
resto do Mundo.
E com um olhar, com um sorriso – e até o
jeito de um sorriso – um gesto, uma reflexão que parece desprovida de
propósito, é, talvez, menos que isso: um pouco de irritabilidade, de insónia,
um cansaço de memória, uma falta geral de tensão, sem que nenhuma dessas
manifestações possa ser negligenciada.
Já é tempo de pensar nisso, agora!
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