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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

«SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA»

O senhor tem vindo a afirmar que tem a máxima confiança no actual governo, o que me leva a concluir que, tudo quanto faça, merecerá o seu apoio e concordância. Para alguma coisa é liderado pelo seu partido de sempre, não é verdade?

O que é verdade é que, enquanto o senhor se remete aos seus tabus, ou decide falar e dizer algumas inverdades, eu e penso que muitos portugueses, pensava no tempo que estava a perder em frente à televisão. Acto contínuo, fiquei a imaginar a vergonha que é um chefe de Estado ser obrigado a ler um texto do qual discorda.

Ao longo dos tempos jamais deparei com um pronunciamento tão digno de ser designado como “esquizofrénico”. Apesar das divergências que sempre nos separaram e continuam a separar, mais que nunca, e falo das divergências político-ideológicas, momentos houve em que vacilei se deveria ou não acreditar em si. Mas não, o senhor sempre se mostrou inflexível na sua longa carreira política de hostilidade para com os portugueses comuns.

Para si contam apenas os endinheirados, face aos quais se mostra fraco e manipulável.

Mas, também, aceitar ler um texto preparado especialmente por oportunistas, foi e é demais. Mesmo assim, crendo que os milagres acontecem, preferi esperar a sua resposta às roucas vozes das ruas, as mesmas que olimpicamente despreza.

Qual não foi o meu espanto quando, com o mesmo semblante de contrariedade, o senhor anuncia ser necessário um pacto de “salvação nacional”, que aliás sabia ser impossível de conseguir e que mais nõ seria que a continuidade da utopia.  Ainda procuro uma explicação par tão degradante papel, mas tudo quanto posso concluir é que foi o senhor mesmo quem acabou por bater no fundo, que está fadado para ser um derrotado político e que, junto dos portugueses, nada conta já.

O seu maior erro foi ter poupado o senhor Pedro e seu amigo Relvas que, segundo parece, vai regressar à ribalta num cargo para ele feito à medida, embora haja quem conheça melhor e mais profundamente  língua pátria.

Confesso estar um pouco confuso, sem saber o que é pior. Se o tal pronunciamento falseado ou a solução sorrateira acerca de Relvas, uma vez que o seu semblante mostra um certo desespero pernte as câmaras, talvez por saber que errou e que o futuro será um tanto sombrio, visto ter caído em desgraça junto da opinião pública.

Se fosse pouco, aceitou propostas absurdas que lhe foram entregues como as últimas chaves do paraíso e, mesmo assim, aceita as imposições dessa gente, que o poder exige outras mentiras daqui e dali, todos o sabem, mas também sabem que o senhor Silva ultrapassou as fronteiras do bom senso.

Mentir faz parte da liturgia do cargo que ocupa, mas transformar um discurso em ode á mitomania, é um descalabro que só acontece em Portugal. A desfaçatez foi tão acintosa que todos compreenderam que algo muito grave se passa no país, que já nem acredita na designada classe política de que faz parte.

Como primeiro-ministro esteve no poder durante dez anos, como presidente da república manter-se-á normalmente outros dez e, nesse período, os magnánimos dos seus partidários dedicaram-se a lamber os lábios de contentes, já que as “gulodices” eram muitas e apreciáveis. Mas agora, cambaleando na crise política, pretende dividir o ónus com aqueles que sempre hostilizou. Isto é querer agarrar-se a um galho durante a queda livre no precipício. Entre a dureza da verdade e a decepção da mentira, a primeira opção será sempre a melhor.

O senhor entrará na história pelas piores razões, pós os pífios espectáculos por si protagonizados. Sabe porquê? Porque nunca revelou a verdade aos portugueses, que voltarão a invadir as ruas das cidades que os políticos andam a poluir com a sua presença.

Sempre que me refiro aos políticos, faço-o apenas em relação não a todos, como é evidente, mas àqueles que, como agora dizem, fazem parte do arco da governança!


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