O senhor tem vindo a afirmar que tem a máxima
confiança no actual governo, o que me leva a concluir que, tudo quanto faça,
merecerá o seu apoio e concordância. Para alguma coisa é liderado pelo seu
partido de sempre, não é verdade?
O que é verdade é que, enquanto o senhor se
remete aos seus tabus, ou decide falar e dizer algumas inverdades, eu e penso
que muitos portugueses, pensava no tempo que estava a perder em frente à
televisão. Acto contínuo, fiquei a imaginar a vergonha que é um chefe de Estado
ser obrigado a ler um texto do qual discorda.
Ao longo dos tempos jamais deparei com um
pronunciamento tão digno de ser designado como “esquizofrénico”. Apesar das
divergências que sempre nos separaram e continuam a separar, mais que nunca, e
falo das divergências político-ideológicas, momentos houve em que vacilei se
deveria ou não acreditar em si. Mas não, o senhor sempre se mostrou inflexível
na sua longa carreira política de hostilidade para com os portugueses comuns.
Para si contam apenas os endinheirados, face
aos quais se mostra fraco e manipulável.
Mas, também, aceitar ler um texto preparado
especialmente por oportunistas, foi e é demais. Mesmo assim, crendo que os
milagres acontecem, preferi esperar a sua resposta às roucas vozes das ruas, as
mesmas que olimpicamente despreza.
Qual não foi o meu espanto quando, com o
mesmo semblante de contrariedade, o senhor anuncia ser necessário um pacto de “salvação
nacional”, que aliás sabia ser impossível de conseguir e que mais nõ seria que
a continuidade da utopia. Ainda procuro
uma explicação par tão degradante papel, mas tudo quanto posso concluir é que
foi o senhor mesmo quem acabou por bater no fundo, que está fadado para ser um
derrotado político e que, junto dos portugueses, nada conta já.
O seu maior erro foi ter poupado o senhor
Pedro e seu amigo Relvas que, segundo parece, vai regressar à ribalta num cargo
para ele feito à medida, embora haja quem conheça melhor e mais profundamente língua pátria.
Confesso estar um pouco confuso, sem saber o
que é pior. Se o tal pronunciamento falseado ou a solução sorrateira acerca de
Relvas, uma vez que o seu semblante mostra um certo desespero pernte as
câmaras, talvez por saber que errou e que o futuro será um tanto sombrio, visto
ter caído em desgraça junto da opinião pública.
Se fosse pouco, aceitou propostas absurdas
que lhe foram entregues como as últimas chaves do paraíso e, mesmo assim,
aceita as imposições dessa gente, que o poder exige outras mentiras daqui e
dali, todos o sabem, mas também sabem que o senhor Silva ultrapassou as
fronteiras do bom senso.
Mentir faz parte da liturgia do cargo que
ocupa, mas transformar um discurso em ode á mitomania, é um descalabro que só
acontece em Portugal. A desfaçatez foi tão acintosa que todos compreenderam que
algo muito grave se passa no país, que já nem acredita na designada classe
política de que faz parte.
Como primeiro-ministro esteve no poder
durante dez anos, como presidente da república manter-se-á normalmente outros
dez e, nesse período, os magnánimos dos seus partidários dedicaram-se a lamber
os lábios de contentes, já que as “gulodices” eram muitas e apreciáveis. Mas
agora, cambaleando na crise política, pretende dividir o ónus com aqueles que
sempre hostilizou. Isto é querer agarrar-se a um galho durante a queda livre no
precipício. Entre a dureza da verdade e a decepção da mentira, a primeira opção
será sempre a melhor.
O senhor entrará na história pelas piores
razões, pós os pífios espectáculos por si protagonizados. Sabe porquê? Porque
nunca revelou a verdade aos portugueses, que voltarão a invadir as ruas das
cidades que os políticos andam a poluir com a sua presença.
Sempre que me refiro aos políticos, faço-o
apenas em relação não a todos, como é evidente, mas àqueles que, como agora
dizem, fazem parte do arco da governança!
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